A advocacia criminal é um dos pilares fundamentais do Estado Democrático de Direito. Em um país onde o sistema prisional enfrenta desafios estruturais e onde acusações de crimes sexuais despertam debates acalorados, o papel do advogado criminalista se torna ainda mais crucial. Nessa área, não basta conhecimento jurídico: é preciso sensibilidade, ética e um compromisso inabalável com os direitos fundamentais.
Priscila Barbosa Lisboa da Silva, mais conhecida como Priscila Lisboa, encontrou sua missão justamente nesse cenário. Natural de São Bernardo do Campo, São Paulo, atualmente reside em Minas Gerais e tem um escritório na cidade de Betim-MG. Ela se especializou em execução penal e crimes sexuais, duas áreas que exigem não apenas domínio técnico, mas também um olhar humanizado sobre os impactos que essas questões têm na vida de todos os envolvidos – réus, vítimas e sociedade.
Desde o início de sua carreira, Priscila trilhou um caminho desafiador. “Vim de uma família humilde, sem muitas condições financeiras para estudar. Me formei e, sem padrinhos, iniciei a advocacia autônoma”, relembra. Sem uma rede de apoio consolidada no início da trajetória, precisou se destacar por sua dedicação e pelo seu conhecimento jurídico, conquistando espaço em um meio competitivo e, muitas vezes, resistente à presença feminina.
Seu primeiro contato com a advocacia criminal veio com casos gerais de Direito Penal. No entanto, com o tempo, percebeu que a execução penal e os crimes sexuais eram áreas carentes de profissionais especializados e, frequentemente, negligenciadas pela sociedade e pelo próprio meio jurídico. “Desde cedo fui movida pela busca pela justiça e pelo desejo de atuar em causas sensíveis e transformadoras. Escolhi me especializar em execução penal porque acredito no potencial da ressocialização para transformar vidas. Já na área de crimes sexuais, a complexidade e o impacto desses casos, tanto para as vítimas quanto para os acusados, me motivaram a buscar uma atuação técnica, ética e sensível”, nos conta.
A execução penal é um dos temas mais delicados do Direito Criminal. No Brasil, o sistema prisional é frequentemente alvo de críticas, seja pela superlotação, pela falta de condições mínimas de dignidade ou pela ineficiência no processo de reinserção social dos presos. Nesse contexto, advogados como Priscila desempenham um papel fundamental, atuando em pedidos de progressão de regime, habeas corpus, recursos e outras medidas jurídicas que garantem o cumprimento da pena dentro dos limites da lei. “Acredito que o Direito Penal não pode ser apenas punitivista. O objetivo do sistema de justiça deve ser garantir que a pena cumpra sua função social sem violar a dignidade do apenado”, afirma. Para ela, a defesa da legalidade na execução penal não significa impunidade, mas sim respeito aos princípios constitucionais e à própria legislação brasileira.
Já na área dos crimes sexuais, a responsabilidade de um advogado criminalista se intensifica. A comoção social gerada por esses casos é intensa, e quem assume a defesa enfrenta não apenas o tribunal, mas também o julgamento popular. Priscila explica que essa é uma área que exige um olhar técnico e humanizado, sem perder a ética e o respeito às vítimas. “O crime sexual é uma das infrações mais sensíveis do Direito Penal. Muitas vidas são impactadas, e a responsabilidade do advogado é enorme, pois qualquer erro pode destruir a vida de alguém, seja do acusado, seja da vítima”, enfatiza. Seu compromisso é garantir que o devido processo legal seja respeitado, evitando injustiças e garantindo que cada caso seja tratado com a seriedade que merece. “Cada caso é único. Há situações de falsas acusações, de excessos na condução do processo e de pessoas que, mesmo culpadas, têm direito a um julgamento justo. Meu compromisso é com a verdade e com a justiça, não com a impunidade ou com condenações precipitadas”, explica.
Ao longo de sua trajetória, Priscila vivenciou momentos que reafirmaram sua crença na importância de um trabalho técnico e sensível. Seu primeiro caso em execução penal foi um desses marcos. “Consegui a progressão de regime para um apenado em situação de extrema vulnerabilidade, que estava há mais de cinco anos com seus benefícios vencidos. Era um caso que exigia urgência, e a sensação de devolver a ele um direito que já lhe cabia por lei foi transformadora”, relembra. Outra experiência que a marcou profundamente foi a defesa de um acusado injustamente em um caso de crime sexual. “Após quatro anos de custódia, conseguimos provar sua inocência por meio de um trabalho técnico e detalhista. Saber que evitamos uma grave injustiça e que ele pôde recomeçar sua vida sem essa marca foi um dos momentos mais gratificantes da minha carreira”, conta.
Sua maior inspiração vem da fé. “Minha maior inspiração é Jesus Cristo, que nos ensinou a importância da compaixão, da justiça e do perdão. Suas lições sobre amar o próximo e buscar a verdade guiam minha atuação como advogada criminal, especialmente ao lidar com situações sensíveis que demandam equilíbrio entre firmeza e empatia”, reflete. Essa visão também orienta sua forma de influenciar outras pessoas através do seu trabalho. “Busco transformar vidas ao garantir o equilíbrio entre direitos fundamentais e justiça. Defendo apenados para que tenham chances reais de ressocialização, ao mesmo tempo em que atuo em casos delicados de crimes sexuais, buscando justiça e proteção à dignidade de todas as partes envolvidas. Humanizar a advocacia criminal é uma missão para mim”, afirma.
Mesmo com uma carreira sólida e reconhecida, Priscila não se acomoda. Seus planos para o futuro incluem ampliar sua atuação em execução penal e crimes sexuais, contribuindo para o aprimoramento dessas áreas no sistema jurídico brasileiro. “Estou escrevendo um livro nessa temática e pretendo criar projetos de conscientização sobre ressocialização. Também quero atuar na formação de novos advogados para que possam lidar com essas áreas de forma técnica e ética”, revela.
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Ao aconselhar aqueles que desejam seguir o mesmo caminho, sua mensagem é clara. “Estude constantemente e mantenha-se atualizado, pois a execução penal e os crimes sexuais são áreas complexas e dinâmicas. Procure estudar outras áreas, como a psicologia forense, medicina legal e neuropsicologia. Tenha empatia e sensibilidade, lembrando sempre que você está lidando com seres humanos, com um dos bens mais preciosos: a liberdade. Além disso, busque inspiração em valores como a justiça, a compaixão e a ética, para que sua atuação seja técnica e, ao mesmo tempo, humanizada”, aconselha.
Com uma trajetória marcada por desafios e conquistas, Priscila Lisboa se define como “uma profissional apaixonada pelo que faz, prezando pela ética, técnica e dedicada a humanizar uma área que traz consigo muita dor”. Em um país onde a advocacia criminal ainda enfrenta preconceitos e onde o debate sobre crimes sexuais é permeado por extremos, sua atuação se destaca por buscar o equilíbrio entre direitos, deveres e, acima de tudo, humanidade.