Segundo levantamento do LinkedIn – o Cenário de Vendas no Brasil 2021 – 88% das empresas brasileiras preferem fazer negócios com companhias que tenham a diversidade como pilar essencial. Contudo, o tema ainda é desafiador no mercado. Em pesquisa da consultoria EXEC, especializada em seleção e desenvolvimento de profissionais em nível de gestão, diretoria, presidência e conselhos, 27,9% dos entrevistados admitiram que não há nenhuma estrutura formal ou informal organizada pela empresa em que trabalham para tratar do assunto e 26,6% disseram não haver discussão a respeito na agenda do conselho de administração.
Diante desse cenário, a JobConvo, startup de recrutamento, seleção e admissão digital por meio de inteligência artificial, realizou um webinar com o tema “Os Desafios na Atração de Diversidade”, como parte do HR Impact 2021, evento voltado aos profissionais de recursos humanos, abordando tecnologias e tendências da área. Mediado pela consultora de carreira Joyce Roberta e por Luiza Vortmann, analista de Marketing da JobConvo, o painel contou com as presenças de Thamara Alencar, consultora de Inclusão e Diversidade da DNA Inclusão , e Rodrigo Chaves, coordenador de Comunicação Institucional, Cultura e Diversidade na Vivara.
Confira as dicas dos especialistas para que as empresas possam atrais mais diversidade para seus quadros de funcionários em 2022.
Evolução da diversidade nas empresas
Na opinião de Rodrigo, apesar do tema não ter surgido recentemente, apenas nos últimos anos ganhou mais força, graças à democratização da informação, que explicita a necessidade de representatividade nos espaços. “Essa jornada tem ganhado mais forma, porque é preciso fazer uma reparação histórica. As próprias gerações são outro ponto de diversidade e as novas gerações estão mais conectadas com esse tema, puxando ele e cobrando mais”.
Thamara destacou a importância de as empresas deixarem de buscar a diversidade apenas de maneira figurativa e de terem especialistas em seus times. “A partir do momento em que as empresas começaram a entender que a diversidade gera negócio e o público consome, elas começaram a contratar. Então estamos vendo esse movimento acontecendo. Precisamos ter especialistas que entendam o que é diversidade, para fazer o movimento da forma correta. Acabamos vendo muitas empresas fazendo isso de forma figurativa“.
Desafios na atração da diversidade
Um ponto desafiador elencado por Rodrigo é justamente que as empresas reconheçam a necessidade de desconstrução e de adotar práticas para a diversidade, reforçando esse posicionamento. “Precisamos reconhecer que somos racistas e preconceituosos em desconstrução e dar esse primeiro passo para evoluir. Aí vem toda a questão de reconhecer que o processo é de dentro pra fora, de investimento, que é preciso um orçamento dedicado a isso. Essa mudança estrutural dentro da empresa é muito importante”.
Segundo Rodrigo, a cultura organizacional também tem impacto significativo nesse processo. “Um fator muito importante é a identidade e cultura organizacional da empresa estarem abertas e acolher toda essa diversidade. É necessário ter uma evolução cultural. Construída com as pessoas e para as pessoas”.
Dicas para atrair diversidade
Dar o primeiro passo, ou seja, fazer a primeira contratação dentro do objetivo de atrair diversidade, é o começo de tudo, segundo Thamara, porque quebra a barreira atitudinal. “As empresas às vezes querem começar com tudo rodando 100%, mas não funciona assim. O principal é dar o primeiro passo, contratar o primeiro negro, a primeira mulher, a primeira pessoa com deficiência, o primeiro trans. É preciso quebrar a barreira atitudinal, que é a principal dentro do processo de inclusão e diversidade”.
Além disso, a especialista alerta para a importância de ter a comunicação da empresa alinhada com esse propósito. “É muito comum a empresa falar que as vagas são para todos, mas não atrair todas as pessoas, pois quando elas olham a comunicação da empresa só veem homem, branco, hetero. Não tem mulher, não tem negro, não tem pessoas com deficiência. Às vezes até existe esse público na organização, mas não se posiciona sobre isso. Precisa trazer essas pessoas que já estão na empresa para se posicionarem, se empoderarem, ganharem referência e visibilidade. Você tem que comunicar o que está fazendo”, aponta Thamara.
Por último, Thamara ressalta que os processos seletivos devem ser planejados com esse foco. “Muitas vezes vem a questão de que são as pessoas que não se candidataram. Mas como é feito esse processo seletivo? Quais ferramentas são utilizadas? Elas são de fato acessíveis? Se você continuar fazendo o processo do mesmo jeito, não vai haver mudança. É preciso ter programas específicos na empresa, para mulheres, negros, pessoas com deficiência, trans, etc. É preciso dar oportunidade e equidade”.