Luiz Egreja, responsável pela área de Manufatura e Business Transformation da Dassault Systèmes para a América Latina
O setor de equipamentos industriais é o mais abrangente entre os segmentos da economia, envolvendo fabricantes de complexas máquinas e fornecedores de pequenos componentes. O Brasil, com seu parque industrial diversificado, tem pequenas empresas familiares e grandes companhias globais como representantes desse segmento.
Esse setor apresenta oportunidades e desafios distintos. Um fabricante nacional de máquinas-ferramentas de alta tecnologia, por exemplo, está mais sujeito à concorrência de fornecedores externos do que fabricantes de elevadores, cujos aspectos de adequação ao projeto e a importância da assistência técnica tornam mais complexa a importação do produto.
O impacto da situação do País tem estimulado a competitividade e a inovação para assegurar condições de sustentabilidade do negócio. Além do desafio econômico, as empresas brasileiras têm novas chances e desafios decorrentes de uma transformação do cenário global, que chamamos de Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial.
O que pode parecer um problema de proporções gigantescas, na realidade traz em si parte da solução. As oportunidades criadas pela Indústria 4.0 podem ser o melhor caminho para ajudar empresas a enfrentar a crise. Atualmente, os clientes exigem customização, alta qualidade e preços e prazos de entrega semelhantes aos praticados para itens padronizados. Infelizmente, a maioria das companhias ainda não está preparada para atender a esses requisitos, o que configura uma grande oportunidade para muitos fabricantes de equipamentos industriais, pois seus produtos podem ser fundamentais para que outras indústrias se ajustem a esse novo modelo de negócios.
A maioria dos fabricantes também não está preparada para fornecer segundo esse novo paradigma, ou seja, também terão que passar pelas mesmas transformações que seus clientes. Para tanto, é necessário aumentar a velocidade de chegada dos produtos customizados ao chão de fábrica, a flexibilidade para lidar com essa diversidade e a confiabilidade para assegurar a entrega.
Isso só será possível com a digitalização dos processos de negócio, que deve acontecer em três frentes. A modelagem das operações oferece um modelo virtual detalhado de como o produto ou serviço será construído, permitindo que todas as customizações sejam validadas no ambiente virtual antes de serem executadas no mundo real, acelerando o time-to-market.
Com isso, é preciso o envio e a utilização desses modelos no chão de fábrica para assegurar que a execução aconteça como foi planejada pela engenharia, aumentando a eficiência do processo produtivo. Por fim, é necessário coletar os dados do processo real e utilizar técnicas preditivas para antecipar problemas, aumentando a confiabilidade das operações.
Plataformas de inovação colaborativa oferecem um conjunto comprovado de ferramentas para que as empresas de equipamentos industriais possam fazer uma digitalização de seus processos segura e a um custo acessível. Isso permite a inserção de seus produtos nesse novo mercado que está surgindo, além de auxiliar os clientes a se tornarem mais competitivos e inovadores, gerando um círculo virtuoso que beneficiará a indústria de transformação no Brasil.