De infância difícil em Caruaru à mundialmente conhecida, a tatuadora é um testemunho de resiliência e paixão pela arte
Abril de 2024 – Nascida em uma família humilde do interior de Pernambuco, Maiza Van Bommel nunca deixou que as circunstâncias da vida limitassem seus sonhos. Sua infância, marcada pela simplicidade e pelas adversidades, foi apenas o primeiro capítulo de uma história repleta de reviravoltas, superação e, acima de tudo, uma paixão inabalável pela arte.
Aos 17 anos, enfrentando a possibilidade de um diagnóstico de câncer, Maiza encontrou-se diante de um despertar abrupto. A incerteza sobre seu futuro tornou-se combustível para uma promessa pessoal: viver intensamente, sem medo, explorando todas as possibilidades que a vida oferecesse. Superada a cirurgia, com resultados não cancerígenos, ela abraçou a arte como nunca antes, descobrindo no desenho uma válvula de escape, uma forma de expressão que, até então, julgava inacessível.
Determinada a deixar para trás a vida que conhecia, Maiza foi para São Paulo aos 18 anos, com sonhos de se tornar estilista. A realidade, porém, a levou por outros caminhos. Sem muitos recursos, conseguiu encontrar um emprego na Galeria do Rock, que foi seu refúgio e inspiração para iniciar o contato com o mundo das tatuagens que transformou sua trajetória. Autodidata e incansável, aprendeu a arte de tatuar, uma habilidade que a levaria a lugares que nunca imaginou.
Após alguns anos, junto com seus amigos decidiu ir para a Irlanda com seus amigos fazer uma Eurotrip e, também, alguns cursos para aperfeiçoar seu talento, porém, a viagem que era para durar xxx dias, não acabou. “Eu decidi que não iria voltar, que queria ficar lá para aprender inglês e melhorar ainda mais a minha arte. Foi quando eu descobri que eu nasci para viver no mundo”, afirma Maiza.
Inspiração em Poesias
O estilo da artista é inconfundível e profundamente pessoal. Inspirada por poesias, ela cria tatuagens que são mais do que meros desenhos na pele; são manifestações de sentimentos, momentos e reflexões capturadas em tinta. Sua arte reflete uma conexão íntima com as emoções humanas, uma tradução visual de palavras que tocam a alma.
“Eu não tatuo o que eu não gosto e não me identifico. A liberdade artística que eu conquistei veio com o tempo e isso define meu trabalho como exclusivo e autêntico. Além disso, todas as pessoas que já tatuaram comigo conseguem se encontrar, pois meu traço é único e eu gosto que as tatuagens sejam parecidas, pois reconheço a minha marca”, comenta.
Essa liberdade se estende à escolha de seus clientes. Graças à sua presença no Instagram, @withmaiza, Maiza tem uma base de seguidores majoritariamente europeia e norte-americana, garantindo não apenas reconhecimento internacional, mas também a segurança financeira necessária para viver sua vida nômade. Este público global, atraído pelo seu estilo único e pela sensibilidade de suas obras, permite que ela viaje pelo mundo, sabendo que encontrará clientes onde quer que vá.
Liberdade
Maiza opta por lugares que a inspiram, sejam eles cidades vibrantes ou recantos isolados nas montanhas. Divide seu tempo entre duas semanas dedicadas a tatuar seus seguidores, que buscam suas habilidades para eternizar uma parte de suas histórias na pele, e duas semanas de reclusão e conexão com a natureza, onde encontra novas inspirações para seus trabalhos futuros. Essa rotina, além de permitir um fluxo constante de criatividade, assegura que cada tatuagem seja um projeto apaixonadamente escolhido e profundamente pessoal.
Agora, a artista se prepara para sua próxima aventura, com destinos que incluem a Islândia, Dublin, uma viagem de 10 dias de navio, seguida por estadias na Bélgica, Noruega, Paris e uma breve passagem pelo Brasil para visitar a família. No entanto, será uma visita rápida, pois, para ela, o mundo é seu verdadeiro lar.