Por conta da pandemia do Covid-19, milhares de pessoas passaram a trabalhar e estudar de casa, aumentando consideravelmente o número de aparelhos e o tempo de uso da rede elétrica. Acontece que a estrutura das casas é bem diferente das empresas e escolas, o que torna as “adaptações” perigosas. Neste cenário, o Ibape/SP indica um check list para manter os equipamentos funcionando em segurança.
Para uma dimensão de como o assunto é sério, um estudo da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) apontou que foram registrados mais de 200 óbitos por choque elétrico em ambiente doméstico no ano passado. Os eletrodomésticos e aparelhos que proporcionaram mais acidentes foram: as máquinas de lavar e tanquinho (19 casos), carregadores de celular (18 registros) e por benjamim, extensão e tomadas (15 casos).
Confira as orientações do Eng. Eletricista Sergio Levin, especialista do Ibape/SP, para evitar qualquer tipo de problema:
- Adequações nas instalações
Basicamente, as instalações elétricas das residências são projetadas com lâmpadas e tomadas protegidas por disjuntores. Especificamente as tomadas elétricas têm capacidade para 10A (ampères) ou 20A.
Em outro ponto, observa-se que nas instalações de computadores, impressoras e demais acessórios de escritórios em uma residência, é comum que o número de tomadas seja menor que o de conexões dos equipamentos, por falta de uma harmonização do uso com o projeto. Para contornar essa situação é comum a utilização de benjamins ou réguas de tomadas, porém deve-se atentar que o uso desses recursos pode gerar danos ou incêndios.
Como isto ocorre?
Supondo que na residência há uma tomada com capacidade para corrente elétrica até 10A, isto significa, obviamente, que o limite técnico daquela tomada é de 10A. Quando as pessoas usam extensões para multiplicar as tomadas geralmente não observam que o limite técnico da tomada original (na parede) deixa de ser considerado, acreditando que o uso de benjamins ou réguas não compromete a tomada (da parede), cabos e disjuntores. Esta extrapolação do limite da tomada (da parede) gera uma sobrecarga, podendo causar danos, acidentes ou incêndios. Destaca-se que na existência de sobrecarga, a eletricidade pode se manifestar de forma silenciosa e oculta, culminando em efeitos rápidos e desastrosos.
Portanto, quando um imóvel deixa de ter características exclusivas de residência e passa para um perfil de escritório e residência (misto), as instalações elétricas precisam de uma avaliação para verificar se atendem ou não a nova demanda. Caso não atendam, deve-se procurar um engenheiro eletricista para as devidas correções de projeto e execução.
- Cuidado em prédios e condomínios
Em casos mais extremos, edificações onde muitos apartamentos migrem para o home office recomenda-se uma avaliação das instalações elétricas da edificação como um todo (prumada e outros) realizada por um engenheiro eletricista.
- Fuga de corrente elétrica
A sobrecarga também pode gerar outro efeito perigoso, conhecido tecnicamente como “fuga de corrente elétrica”. Isto ocorre quando uma instalação elétrica ou equipamento, “vaza” energia para o aterramento ou qualquer desvio não previsto. Está situação, inicialmente, gera prejuízos financeiros além do perigo já contextualizado anteriormente.
- Consumo mensal
Acompanhe a evolução mensal do consumo de energia elétrica em sua residência, nela pode haver indícios de irregularidades nas instalações residenciais.
- Manutenção nas instalações elétricas
Periodicamente, faça a manutenção das instalações elétricas, pois cabos mal isolados podem causar “fuga de corrente” e suas consequências. Neste caso os cabos elétricos precisam ter a espessura adequada obedecendo à carga especificada em projeto. Caso essa carga seja alterada há necessidade de avaliação dos circuitos por um engenheiro eletricista.
- Compatibilidade de plugues e tomadas
Sempre utilize plugues e tomadas compatíveis com suas correntes elétricas nominais. Exemplo: um equipamento que tem um plug de 20A deve ser conectada em uma tomada de 20A. Neste exemplo, nunca se deve usar um adaptador no plugue de 20A para conectar em uma tomada (na parede) de 10A.
Além das dicas destacadas, o Ibape/SP disponibiliza no seu portal a Cartilha de Inspeção Predial – Instalações Elétricas. Desenvolvida pela Câmara de Inspeção Predial, o documento traz informações destinadas tanto ao público, seja de proprietários, síndicos, administradores de imóveis ou gerentes de facilities, como também aos profissionais que atuam nas áreas de inspeção predial e de perícias.