A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns vem a público exigir das autoridades constituídas o imediato esclarecimento do obscuro episódio de violência ocorrido na comunidade Paraisópolis, no dia 17 de outubro, durante visita de campanha do candidato ao governo paulista, Tarcísio de Freitas, que culminou com a morte de uma pessoa.
O incidente foi prontamente levado à propaganda eleitoral do candidato presidencial que apoia Tarcísio de Freitas, numa versão de atentado que terminou sendo desautorizada pelo atual governador de São Paulo, insuspeito nesse juízo por estar alinhado com os dois candidatos em questão.
Este episódio envolve o interesse especial da sociedade, por duas razões básicas. Por um lado, foi morto um homem apresentado sumariamente como bandido, numa comunidade onde a violência policial já foi reportada inúmeras vezes – frisando aqui que toda vida humana importa. Além disso, o respeito à integridade do processo eleitoral em curso, assim como do próprio Poder Judiciário envolvido, vem sendo ameaçado a cada dia pela frente política que reúne os dois candidatos.
Por isso, exige-se do Governo do Estado de São Paulo e da campanha do candidato Tarcísio de Freitas respostas adequadas e urgentes às seguintes perguntas:
1. Por que a PM só foi contatada quando o candidato já estava envolvido no incidente?
2. O que fazia na comitiva um agente policial vinculado a recente treinamento pela Abin?
3. Por que a segurança privada de Tarcísio de Freitas é feita por agentes armados?
4. Quem disparou contra o morador da comunidade que foi morto, e por quais razões?
5. Que informações permitem classificar este homem como bandido?
6. Quem ordenou a evacuação da comitiva em uma van blindada e por quê?
7. Quem determinou ou pediu ao cinegrafista da rádio Jovem Pan que apagasse as imagens gravadas por ele durante o incidente? Por qual motivo?
8. Por que esta emissora – declaradamente engajada na defesa desses dois candidatos e no ataque desrespeitoso a seus adversários – ainda não divulgou a íntegra das imagens recebidas?
9. Os PMs envolvidos estavam ou não utilizando as câmeras ajustadas à farda, que valeram para reduzir a letalidade policial de modo tão exitoso? Onde está gravação eventualmente produzida?
10. Outras pessoas foram feridas naquele momento?
11. Qual o andamento do inquérito, se é que já foi instaurado? O que a Polícia Militar encontrou na cena do crime?
12. Que atitudes humanitárias foram adotadas em relação aos familiares – mãe, esposa, namorada, filhos, irmãos – da pessoa morta?
13. Outros esclarecimentos que possibilitem o esclarecimento de tão estranho episódio.