Bioaumentação eleva eficiência em sistemas de lagoas de estabilização no tratamento de esgoto sanitário

Estação de tratamento de Esgoto do SIMAE (SC) (Divulgação)

Em várias regiões do Brasil, onde há bastante disponibilidade de áreas próximas aos centros urbanos, o tratamento dos esgotos sanitários é realizado por sistemas de lagoas de estabilização – de menor custo operacional, porém ocupando grandes extensões de terra em sua implantação.

Para concepção e projeto desses sistemas, considera-se o crescimento populacional e consequente aumento da geração de esgotos para um certo período, a depender de diversos fatores de engenharia. Em alguns desses casos, o período de fim de projeto já se exauriu, e essas plantas começam a chegar ao seu limite da capacidade de tratamento. Em outras situações, que vieram a acontecer principalmente com a recente crise hídrica, as metas de eficiência de remoção de poluentes ficaram ainda mais restritivas.

Uma ferramenta para postergar o limite da vida útil desses sistemas e garantir a eficiência na remoção dos contaminantes, devolvendo sempre uma água de qualidade para o meio ambiente, é a prática da bioaumentação, em que microrganismos específicos de alta capacidade de degradação dos poluentes são inseridos no sistema, aumentando a capacidade de assimilação e degradação dos compostos presentes nos esgotos.

Em exemplo recente dessa prática, a Superbac em parceria com o SIMAE (Serviço Intermunicipal de Água e Esgoto) realizou um projeto de bioaumentação em uma estação de tratamento de esgoto na ETE, que trata o efluente dos municípios de Joaçaba e Herval d’Oeste, no estado de Santa Catarina. O sistema é constituído por três lagoas em série, sendo que, já visando o aumento de carga recebido na planta, foi realizado investimento com a instalação de aeradores nas duas primeiras lagoas. Porém, as metas de qualidade do efluente final ficaram ainda mais limitadas, sendo estabelecidos novos valores para os horizontes de 2022 e 2023.

Em agosto de 2021, iniciou-se o projeto, visando atender às metas propostas para 2022. Entretanto, analisando-se os primeiros resultados, foi alinhado manter o foco para atender às metas de 2023. Os resultados dos cem primeiros dias do tratamento com a bioaumentação são apresentados nos gráficos 1 e 2 a seguir:

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 Gráfico 1: Resultados e metas para DQO (demanda química de oxigênio)

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Gráfico 2: Resultados e metas para DBO (demanda bioquímica de oxigênio)

Verifica-se que, além de atingir previamente a meta proposta para 2023, a tendência dos resultados segue uma decrescente inclinação bastante interessante. Dado o tempo de detenção hidráulica do sistema, a expectativa é que essa tendência se mantenha até alcançar um patamar de estabilização – certamente dentro dos limites propostos para alcançar a qualidade do efluente final.

Além disso, a prática da bioaumentação promove uma maior robustez ao sistema. Isso significa que na ocorrência de situações adversas e atípicas, como variações de carga por eventos pluviométricos, por exemplo, as lagoas de estabilização serão capazes de absorver melhor os impactos, mantendo a qualidade do efluente final e recuperação mais rápida em casos de eventos extremos.

A ampliação da capacidade de tratamento de esgotos vem se tornando cada vez mais comum e necessário, principalmente com o novo marco do saneamento, onde os players assumem diversas plantas de uma região que necessitam de investimento em CAPEX. A bioaumentação pode prorrogar e até mesmo substituir esses altos investimentos, possibilitando que o fluxo de caixa seja direcionado sempre para a opção mais rentável e ainda assim garantindo o atendimento às metas, legislações, e ao direito de todos de um ambiente ecologicamente equilibrado.

 Monique Zorzim é gerente técnica e de pós-vendas da Superbac. www.superbac.com.br