Quebrando paradigmas 10/05/2024
Já nos primeiros dias da crise climática histórica que atinge o Rio Grande do Sul, instaurada em maio de 2024, nos perguntamos: O que os CRECIs e seus corretores de imóveis podem fazer? Em uma visão imediata pensamos que as autoridades públicas e forças armadas darão conta de atender a população em estado de vulnerabilidade. No entanto, a presente mobilização da sociedade civil tem se mostrado de crucial importância como força auxiliar ao Estado.
Dessa forma, traremos a seguir reflexões acerca da atuação dos CRECIs em situações de desastres que impactam diretamente a população civil.
Os CRECIs são os Conselho Regional de Corretores de Imóveis. Criado oficialmente em 1962, o órgão surgiu para regulamentar e fiscalizar a atividade dos corretores de imóveis e imobiliárias de forma a trazer transparência e lisura a esse ramo empresarial. Hoje, todos os 27 estados brasileiros possuem um conselho regional localizado nas respectivas capitais e delegacias regionais nos principais municípios de sua jurisdição.
Como autarquia pública federal, segue normas bem rígidas de atuação e controle externo (CGU, TCU, Ministério do Trabalho etc). Além das atividades regulamentares, estes CRECIs desenvolvem treinamentos e palestras, ações sociais, atividades esportivas, clube de benefícios e convênios para seus inscritos em todo o Brasil.
No flagelo gaúcho e em outras catástrofes naturais ou calamidades públicas como por exemplo acidentes em usinas, rompimento de barragens, incêndios, enchentes, acidentes aéreos ou navais, epidemias, grandes correntes migratórias como em Roraima, crises de abastecimento ou mesmo a retomada do fantasmas de guerras regionais ou mundiais, toda esta capilaridade (presença em todos estados) e um efetivo de 600 mil profissionais cadastrados em todo Brasil, podem a partir de seus próprios estados intervir positivamente em todo território nacional.
Exemplificamos: além da atuação de baixa criatividade e esforço de simplesmente repassar contas para depósitos em dinheiro de prefeituras ou entidades privadas destinadas ao apoio da população e reconstrução das cidades destruídas, o segundo nível seria ativamente coletar mantimentos e roupas para subsequente transporte direto ou mesmo repasse para forças de segurança que normalmente o farão. Registramos que em Brasília, filas de carros se formaram na Base Área em conexão com a divulgação por parte da Aeronáutica neste sentido e o expressivo quantitativo arrecado.
Auditórios dos CRECIs podem ser cedidos para reuniões da sociedade civil e autoridades públicas envolvidas na assistência da calamidade.
Um terceiro nível, mais avançado e mais específico, refere-se a avaliação de imóveis danificados como feito em 2023 pelo CRECI-SP no município de São Sebastião, em São Paulo. Peritos avaliadores voluntários emitem laudos, de forma gratuita, para encaminhamento para seguradoras ou órgãos públicos que eventualmente arcarão com reparos ou indenizações. Esta etapa entra em ação depois que a fase mais crítica de resgates e assistência básica já cessaram.
Porém, de forma inédita no Brasil, e que se pode ser feita no estouro da crise, é a reunião de informações junto as imobiliárias e corretores locais dos imóveis naquela região disponíveis para ocupação e obviamente não localizadas nas áreas afetadas. Estes profissionais seriam instados a cadastrar em determinado portal/aplicativo, casas, apartamentos, imóveis rurais ou galpões industriais/logísticos para instalação temporária de autoridades públicas (policiais, bombeiros, militares, médicos, veterinários etc) de outros estados que se deslocam para região de crise para prestar assistência ou mesmo para os milhares de desabrigados e infinitos animais de pequeno e grande porte. Por curto período, acreditamos que muitos proprietários disponibilizariam seus imóveis gratuitamente ou por custo bastante reduzido. Porém, naturalmente a iniciativa já deveria ser desenhada antecipadamente. Como diz o ditado: “Telhado se conserta durante dias de sol”.
No tocante a experiências internacionais do campo militar, veio à mente, as grandes bombas de drenagem da Água do Mar pelo exército israelense a fim de inundar túneis usados por grupos radicais. Equipamento parecido, deveria ser desenvolvimento e aperfeiçoado por empresas brasileiras e subsequente compra/aluguel por Estados ou Governo Federal, sendo de grande valia para a drenagem de áreas específicas como rodovias estratégicas, aeroportos e hospitais. Enchentes no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Acre e Rondônia, ou mesmo acidentes em empresas mineradoras como em Mariana e Brumadinho em Minas Gerais são exemplos recentes.
No mais, analistas com viés conspiratório, apontam que as cidades fantasmas da China, onde dezenas de gigantescos prédios foram finalizados e até hoje nunca ocupados, tem a finalidade de funcionar como uma reserva técnica de emergência no caso de calamidades climáticas, pandemias ou guerras onde milhões de pessoas serão forçadamente deslocadas e realocadas em curtíssimo período de tempo.
Paralelo ao inflamado debate da iminente terceira guerra mundial, surgem notícias de multimilionários envolvidos em construções de grandes bunkers subterrâneos com autonomia de meses sem contato com o mundo exterior. Há até condomínios de apartamentos nos EUA com estrutura de bunker sendo comercializados. Será que a tendência chega no Brasil?
*Leonardo Santos, Vice-presidente do CRECI-DF e perito avaliador.
E-mail: peritocapital@gmail.com
Instagram: @leonardosantos.corretor
** Marcelo Sicoli, conselheiro do CRECI-DF, bacharel em relações internacionais pela UnB, gestor predial com diversos prêmios no Brasil e exterior (Londres e Chicago). Corretor de imóveis no DF e em Goiás. Tem o título CIPS – Certified International Property Specialist (Especialista em Negócios Internacionais) e filiado a NAR (National Association of Realtors – EUA)
E-mail: marcelosicoli@hotmail.com
Instagram: @marcelosicoli
Youtube: Youtube.com/marcelosicoli