Em Maio de 2021 o TJRS sofreu um ataque hacker que paralisou as atividades de forma total, num prejuízo mais grave do que a própria pandemia e o trabalho remoto frente a pandemia trouxe, com efeitos que mais de 3 meses depois continuam reverberando para todas as partes envolvidas, seja advocacia, serventuários, cidadãos.
Em Julho de 2021 a polícia apreendeu computadores na casa de um servidor do Tribunal ligado ao setor de informática e afirmam terem localizado indícios de que na casa de uma juíza haveria também a possibilidade de que as invasões ao TJRS tivessem sido originárias destes locais.
Quer dizer que uma juíza e um servidor de informática do TJRS invadiram o Tribunal?
NÃO, as provas nos levam a indícios e não a conclusões. O fato de terem sido localizados portas de acesso nestes locais para averiguar o início da invasão são uma forma de investigar com profundidade de onde a mesma surgiu veio para chegar na sua real origem.
Como assim?
De uma forma leiga, seria como seguir o rastro de formigas para encontrar o formigueiro a partir do pedaço de bolo. Os servidores do Tribunal foram infectados/invadidos (pedaço de bolo) por alguma brecha (pode ter sido uma formiga que estava conectada ao bolo) e busca-se nestes computadores de quem estava conectado (servidor/juíza/etc) como eles foram infectados para traçar a real origem do ataque.
Um trabalho que pode levar um bom tempo para ser concluído, seja pelas dificuldades técnicas, seja porque pode ter sido bem feito e apagaram as provas/rastros (o que dificulta, embora não impossibilite, a localização).
Entretanto, já se passaram 3 meses. Tivemos tempo suficiente para restabelecer sistemas e trazer uma paz aos envolvidos no sistema judicial.
O que temos até agora são uma combinação de problemas reais demais e comunicação/transparência de menos.
Que os sistemas estão instáveis, que a toda hora saem certidões de indisponibilidade para o caos de quem precisa usar estas ferramentas (que não são a prestação jurisdicional, mas sim ferramentas para se alcançar a justiça), remarcação de audiências em cima do horário por falta de questões técnicas, entre outros problemas estamos cientes e sofrendo diariamente com os mesmos.
Já uma clareza de comunicação e transparência para informar os porquês, o tempo, os esforços que estão sendo feitos para resolver as mazelas, é quase inexistente.
Precisamos investigar, encontrar os reais culpados pela invasão e caos que vivenciamos; da mesma forma que precisamos efetivamente saber com clareza prazos e os meandros que o Tribunal está buscando na solução do problema.
Ficar aguardando meses sem nenhuma perspectiva de solução e comunicação transparente é no mínimo um desrespeito com a advocacia e uma verdadeira afronta a prestação jurisdicional frente ao cidadãos.
Sou Gustavo Rocha
Professor da Pós Graduação, coordenador de grupos de estudos, membro de diversas comissões na OAB.
Atuo com consultoria em gestão, tecnologia, marketing estratégicos e implementação de adequação a Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD.
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