Por Renato Aragon (*)
Apesar de parecer uma tarefa repetitiva e sem muita margem para flexibilidade, a necessidade de realizar cobranças recorrentes de formas cada vez mais personalizadas já está levando os comerciantes a uma busca por plataformas que ofereçam este serviço por meio de sistemas ágeis e baseados em conexões via APIs.
Mesmo assim, este é apenas o ponto em que o ecossistema ligado a este tipo de operação deve se preocupar de forma mais imediata. Enquanto isso, olhando para um horizonte um pouco mais distante, é necessário trabalhar o quanto antes em estratégias que levem em consideração o avanço de transformações fundamentais para o setor como o Open Banking e as CBDCs (Central Bank Digital Currencies).
Não por acaso, um novo estudo publicado no dia 11 de abril pela Juniper Research demonstra que o valor das transações de pagamentos recorrentes deve crescer em ritmo considerado lento nos próximos anos. Segundo o trabalho, estas operações passarão de US$ 13,2 trilhões em 2023 para algo em torno de US$ 15,4 trilhões globalmente em 2027.
A concretização destes volumes representará um aumento de 17% no período, o que pode ser considerado um movimento natural para um mercado bem estabelecido, mas também aponta para uma rápida mudança nos métodos de se fazer este tipo de pagamento, com a inclusão de carteiras digitais e outras alternativas.
A acirrada concorrência entre esses modelos exige a oferta de custos de processamento mais baixos e esse fator está impulsionando a mudança, pois está aumentando o entusiasmo do consumidor por métodos de pagamento digitais.
No Brasil, a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) demonstrou interesse em fomentar o crescimento deste mercado principalmente fazendo com que ele seja experimentado em setores ainda pouco explorados.
Em palestra durante o CMEP no final de março, a entidade afirmou que o potencial dos pagamentos recorrentes no Brasil por meio de cartões é de R$ 100 bilhões por ano. Para chegar a este patamar, a estratégia inicial é oferecer recorrência de forma sistemática em educação, saúde e atividades imobiliárias de maneira similar ao que é feito em serviços digitais como streaming, produtos, e-commerce, por exemplo.
Seja como for, o estudo da Juniper demonstrou que para se manter à frente da concorrência, os fornecedores de plataformas de pagamentos recorrentes devem desenvolver soluções que ofereçam suporte a tipos de pagamento voltados para o futuro à medida que são desenvolvidos, como Open Banking, Pix e CBDCs (Central Bank Digital Currencies), a fim de se manterem relevantes no mercado, no conceito, por exemplo, que o Banco Central do Brasil chama de “Finanças sem Fronteiras”
No final do mês, entre os dias 24 e 26 de abril, a comunidade global de pagamentos terá a oportunidade de debater estes insights durante a TRANSACT, considerada uma das maiores feiras de pagamentos do mundo. O evento realizado em Atlanta (EUA) é organizado pela Electronic Transactions Association (ETA) que se posiciona como a principal associação comercial e de defesa do setor de pagamentos do mundo.
O evento terá como tema “Na velocidade dos pagamentos” e será dividido em três estágios imersivos e de ritmo acelerado que são: Inovações, Oportunidade e Transformação.
Que as discussões explorem ao máximo estes três pilares e levem esta modalidade de pagamentos a experimentar soluções que vão além das recorrentes.
* Renato Aragon é Associate Director da Xsfera