Nos filmes e nas histórias, os líderes são heróis, salvam o dia, o mundo, os povos… Será que é à toa que muitos heróis são solitários, vivem escondidos sob uma identidade secreta? E por que será que temos tantos líderes na história adeptos ao isolamento? Te convido a refletir sobre a crença do líder e sobre a coroa invisível repousa na cabeça de quem ocupa cargos de liderança. Uma coroa bem pesada, repleta de expectativas de quem chega à essa posição. É uma vitrine expondo alguém incrível que vai resolver problemas de todos os tipos e a todo o momento, tornando seus liderados vencedores, mas que pode adoecer quem a carrega, principalmente se não tiver uma boa sustentação emocional.
A alegria de chegar a uma posição de liderança logo é dissipada pelas expectativas frustradas de perfeição e ausência de erros impostas ao líder, às vezes por ele mesmo. Ele se torna seu algoz e sucumbe emocionalmente até adoecer. Adoece por não saber mais como dar conta de tudo que envolve estar ocupando uma posição de liderança. Volume de trabalho enorme, decisões a todo momento, solidão, exposição, renúncias, decepções…
É bastante provável que você que está ocupando um cargo de liderança saiba do peso a que me refiro. Talvez até o sinta também. Muito se fala em treinar e melhorar líderes para cuidar de pessoas e processos, em como serem melhores para sua equipe, para sua empresa, em como atingir a alta performance. Treine a ser líder e não chefe. Mas quem cuida do líder? Quem o treina para ser melhor com ele mesmo? Para trazer clareza sobre suas limitações? Onde ele encontra reforço? Onde está seu apoio?
Eu, Janaina Crespo, exerço a liderança há muitos anos, mentoro e convivo com líderes de diversas esferas e recebo inúmeras confissões de cansaço, Burnout, tristeza, culpa . Lamento e sempre recomendo o que deu certo para mim e está dando para quem acompanho nas mentorias, a importância de se estar emocionalmente preparado para essa atividade e principalmente saber refutar a crença que atrela o líder a imagem do “super-humano”, infalível, alguém que tem todas as respostas e conduzirá ao triunfo seus liderados. E falo, NÃO ADOEÇA, busque ajuda, não espere a saúde estar comprometida, o desgaste junto ao time estar instalado. E como mentora daqueles que estão na condução de pessoas e projetos, relaciono alguns pontos que podem ajudar a quem quer exercer ou está exercendo a liderança:
Primeiro é o autoconhecimento, é perceber-se, é reconhecer-se.
Existem diversas técnicas, ferramentas e terapias que ajudam na auto percepção e elas te tornarão mais forte e seguro e te ajudarão a aumentar sua inteligência emocional.
Segundo é, tenha um plano e delegue tarefas.
Siga o planejado e não fique preso às expectativas de perfeição que jogam em cima de ti, o erro faz parte da evolução, se errar, corrija o que é necessário e siga em frente. Aprenda, respeite-se e perdoe-se!
Terceiro, é ande com quem tem os mesmos objetivos que você, que te apoia.
Apoio, lastro emocional é fundamental nesse processo.
Quarto, escolha bons mentores, alguém que já tenha chegado onde você quer estar, que já tenha passado pelo processo.
E por último, mas não menos importante, estude!
Estude a si mesmo, ao ambiente, aos outros, a história de grandes líderes. Adote uma postura de aprendizado constante. Lembre-se, a vida é uma escola que não termina e você precisa estar atento às lições que ela traz.
Em minhas palestras e consultorias sobre liderança e empreendedorismo sempre falo que o bom líder é aquele que é bom para os seus liderados e também para si mesmo. A coroa da liderança tem sim um peso. Embora não seja físico, ele é um peso real, e é preciso firmeza e resistência para sustentá-la. Usá-la não torna ninguém infalível, incapaz de errar, de precisar de ajuda, de cansar. Mas destaca-se o líder que sabe que terá desafios e prepara-se para vivê-los sem adoecer.
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