Sustentável e econômica, a troca passiva e planejada de ar evita a proliferação de doenças dentro do ambiente.
Para quem mora em locais quentes, um ventilador de teto no quarto e na sala de estar é fundamental para manter o conforto térmico. Há também quem veja o ar-condicionado como item de sobrevivência, principalmente com a chegada do verão. Contudo, pouco se fala sobre a importância da localização de portas e janelas para a circulação de ar dentro da residência.
Por mais que o conforto proporcionado por aparelhos seja necessário em dias quentes, ter uma boa ventilação natural traz não apenas frescor para o ambiente, mas também ajuda na manutenção da qualidade do ar. Entenda o conceito e sua importância no planejamento de uma construção.
O que é ventilação
Para a arquitetura, a ventilação é o método de renovação do ar dentro de um ambiente. Ela pode exercer três funções:
- renovação do ar: retirada do ar contaminado para a entrada do ar novo e limpo;
- resfriamento psicofisiológico: o local perde calor por radiação sem que o ar interno entre em contato com o sistema radiante;
- resfriamento convectivo: diminuição de calor de um local para outro pelo movimento de fluidos.
Existem diferentes tipos de ventilação:
Mecânica
Qualquer sistema que utilize recursos mecânicos — um ventilador, por exemplo — para promover a melhoria de temperatura e renovação do ar.
Mista
Também chamada de ventilação híbrida, utiliza processos naturais e mecânicos para a renovação do ar.
Infiltração
Ocorre com aberturas não planejadas em uma construção, que promovem o fluxo descontrolado de ar para dentro da residência.
Ventilação natural
É o uso de energia natural (vento) para fazer a troca do ar e manter o ambiente com conforto térmico e saudável. Contudo, não há apenas uma forma de permitir essa renovação. Essa estratégia utiliza métodos geralmente passivos e projetados para que a introdução do ar ocorra sem o uso de sistemas mecânicos.
Conheça os quatro tipos de ventilação natural mais utilizados:
Cruzada
Indicada em regiões com clima elevado, a ventilação natural cruzada ocorre quando as aberturas numa construção são dispostas em paredes opostas ou adjacentes, permitindo trocas constantes de ar e diminuindo a temperatura interna.
Induzida
Para entender a ventilação natural induzida, é preciso se lembrar de que o ar quente é mais leve, portanto, sobe, enquanto o ar frio desce. Nesse sistema, aberturas são feitas próximas ao solo para que o ar fresco entre no espaço e “empurre” a massa quente para as saídas de ar no teto.
Efeito chaminé
Usa a mesma lógica da ventilação induzida, mas é mais recorrente em prédios industriais. Neste caso, áreas abertas pelo centro do projeto permitem que o ar circule pelo ambiente. O ar quente pode sair pela cobertura, lanternins, aberturas zenitais ou exaustores eólicos.
Resfriamento evaporativo
Utilizado em casos muito específicos, o resfriamento evaporativo posiciona extensos espelhos d’água ou lagos na direção das correntes de ar. Ao passar pela água, o vento segue mais úmido, garantindo frescor principalmente em construções localizadas em climas áridos.
Benefícios
A ventilação natural traz uma série de benefícios para a construção e, claro, o morador. Veja:
Combate a doenças respiratórias
Vírus e bactérias se propagam facilmente pelo ar, principalmente em ambientes com pouca ou nenhuma ventilação. É só pensar na pandemia de Covid-19: a doença era transmitida com facilidade em ambientes fechados, já que a renovação do ar era mínima. Já ao ar livre, a contaminação até poderia acontecer, mas as chances eram consideravelmente mínimas, dispensando até o uso de máscaras em locais sem aglomeração.
Além da Covid-19, a ventilação do ar reduz a circulação de micro-organismos causadores de resfriados, gripes, amigdalites, alergias e pneumonias.
Controle de gastos
Uma boa ventilação natural reduz a necessidade do uso de ventiladores e ar-condicionado. Com isso, o morador consegue economizar na compra de aparelhos e na conta de luz elétrica. Além disso, o ar é um recurso infinito, sustentável e gratuito.
Apesar de ter sido o método mais comum durante muitas décadas, atualmente a ventilação natural não é a melhor estratégia para garantir o conforto térmico, principalmente em construções adequadamente vedadas para eficiência energética. No entanto, promove a sustentabilidade e pode ser utilizada na ventilação híbrida.