Na última terça-feira (8), a uma instituição de voluntários voltou a atuar presencialmente em escolas do município de São Paulo com seu programa de educação financeira para jovens. A primeira escola a receber o projeto é a Escola Estadual Barão de Ramalho, no bairro da Penha, na zona leste de São Paulo. Ao todo, serão oito aulas sobre comportamento, educação financeira e empreendedorismo, ministradas para os estudantes do terceiro ano do ensino médio noturno.
A instituição, chamada Multiplicando Sonhos, tem um planejamento pedagógico que leva em consideração a proposta curricular do Estado de São Paulo. Além disso, as aulas são montadas para abordar temas que fazem parte do dia a dia dos alunos. “Todas as oito aulas apresentadas pela instituição fazem sentido para a nossa escola. Isso nos fez aderir ao projeto”, diz Janete Aparecida de Melo, vice-diretora da E.E. Barão de Ramalho.
“Nossa expectativa em relação à Multiplicando Sonhos aqui na escola é grande. Além de trazer o conhecimento proposto, o que já é muito válido, esperamos que o projeto sirva de motivação para os alunos retornarem à escola depois de todo esse tempo em casa devido à pandemia”, explica a vice-diretora da escola.
Para Evandro Mello, CEO e fundador da Multiplicando Sonhos, a volta presencial às salas de aula é motivo de entusiasmo. “Qual aluno que não quer resgatar os sonhos depois de tudo isso que passamos e ainda não acabou? Com planejamento financeiro, é possível alcançar objetivos. E é isso que a Multiplicando Sonhos mostra a esses jovens”, diz.
Projeto ambicioso para 2022
O projeto da Multiplicando Sonhos para 2022 é expandir a oferta do programa de educação financeira para jovens, alcançando outras cidades e estados. O objetivo é replicar o sucesso do projeto piloto, lançado em 2019 na Escola Estadual Dom Pedro I, em São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo, e do programa de educação financeira online, executado em parceria com a Brasil Cursinhos em 2021.
Na Escola Dom Pedro, uma pesquisa feita com os jovens que participaram da ação mostrou que, após o programa, mais de 96% dos estudantes vislumbravam uma vida melhor e 92% começaram a definir sonhos concretos. Ao todo, 200 alunos foram impactados diretamente e outros 500 foram atingidos indiretamente.
“Antes, eu não tinha tanto interesse em cursar uma faculdade e nem tinha muitos sonhos. O projeto me ajudou a me descobrir e ter uma visão melhor sobre o que eu queria da minha carreira e do meu futuro”, conta Caique Oliveira, estudante de Ciências Contábeis que participou da Multiplicando Sonhos em 2019, quando estudava na Escola Estadual Dom Pedro I.
Neste ano, cerca de 20 escolas públicas da cidade de São Paulo, a serem definidas, serão contempladas pelo projeto, que atende sempre turmas noturnas do último ano do ensino médio. A partir do segundo semestre de 2022, o projeto ultrapassa a barreira física da cidade de São Paulo e começa a atingir também outras cidades e estados.
Por enquanto, estão previstos cursos em escolas públicas de Curitiba, Rio de Janeiro (capital e baixada fluminense), Salvador, Salinas da Margarida (BA) e Taubaté (SP). Com uma expansão gradativa, a meta é atingir todo o território nacional até 2030, levando planos de educação financeira que seguem as diretrizes de desenvolvimento sustentável da ONU.
“Só em 2022, serão mais de 4000 alunos que terão a chance de colocar seus objetivos no papel e alcançá-los lá na frente! Esse é o verdadeiro sentido daquela frase que eu tanto gosto: nós somamos para multiplicar”, comenta o CEO da Multiplicando Sonhos.
Evandro, que estudou em escola pública na periferia de São Paulo e hoje é graduando em Administração em Comércio Exterior, explica que “a ideia é dar aos jovens a capacidade de sonhar, coisa que muitos infelizmente não têm graças à realidade socioeconômica que vivem, e ensiná-los a fazerem melhores escolhas em relação ao dinheiro, ganhando consciência sobre o que consomem e exercitando a visão de longo prazo”.
O programa é ministrado presencialmente nas escolas públicas e em plataformas online de cursinhos populares, em parceria com a Brasil Cursinhos. Em geral, são abordados temas como história do dinheiro, finanças pessoais, cultura de poupar, investimentos, micro e macroeconomia, introdução a termos econômicos básicos, psicologia econômica, empreendedorismo e ESG, levantando debates sobre economia circular e utilização sustentável dos recursos socioambientais.
Ao todo, são oito aulas que acontecem durante o horário de aula, garantindo maior adesão. A instituição permanece em média 2 meses dentro de cada escola e já conta com mais de 100 professores voluntários, chamados de “multiplicadores”, que são capacitados pela instituição.