Uma nova estratégia para o diagnóstico do Alzheimer

Uma nova estratégia para o diagnóstico do Alzheimer

Diagnosticar o Alzheimer sempre foi considerado um grande desafio. Com o objetivo de identificar a doença, com frequência os médicos solicitam exames neuropsicológicos e neurológicos aprofundados, além de testes laboratoriais básicos e imagens estruturais do cérebro, como a ressonância magnética. Mas, durante muitos anos, apenas uma autópsia do cérebro era capaz de fechar um diagnóstico definitivo. Um novo exame, porém, vem mudando o rumo da história.

Com o avanço da Medicina, pesquisadores da área identificaram que na doença de Alzheimer a responsável pela lesão nas células nervosas no cérebro é a deposição em placas de uma proteína chamada beta-amiloides, encontrada na membrana gordurosa que envolve as células nervosas.

Contudo, anteriormente só era possível identificar a presença dessa proteína examinando o cérebro após a morte do paciente. “Com a chegada de um novo agente de diagnóstico radioativo, o florbetabeno, podemos identificar essas placas em pacientes vivos através de um exame de PET-CT (sigla para Tomografia por Emissão de Pósitrons-Tomografia Computadorizada), um procedimento não invasivo e que não gera riscos ao paciente”, explica a especialista em Medicina Nuclear pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem e responsável pelo setor de Medicina Nuclear do Richet Medicina & Diagnóstico, Silmara Segala Gouveia.

“Este exame, chamado PET Amiloide, estima a densidade dessas placas no cérebro e é considerado um verdadeiro avanço na avaliação das causas de demência, com estudos demonstrando mudanças positivas na confiança diagnóstica e alterando significativamente o tratamento dos pacientes”, acrescenta Silmara Segala.

As placas beta-amiloides no cérebro de pessoas com problemas de memória, porém, não são exclusivas da doença de Alzheimer. “Elas também estão presentes em pacientes com demência por corpos de Lewy, doença de Parkinson e no cérebro de alguns idosos sem sintomas”, destaca a especialista em Medicina Nuclear. Isso significa que apenas a presença de amiloide não é suficiente para um diagnóstico da doença de Alzheimer, mas se faz necessária. “Se o estudo de PET Amiloide for negativo é improvável que o paciente tenha doença de Alzheimer”, explica Silmara Segala.

De acordo com a especialista, a demência é uma síndrome causada pela deterioração progressiva das funções cerebrais (declínio cognitivo). As principais causas são as doenças neurodegenerativas primárias, caracterizadas por acumular danos às células nervosas cerebrais, sendo a doença de Alzheimer a mais comum. “O esquecimento é a principal queixa dos pacientes, mas além da memória, outras funções cerebrais podem estar comprometidas, como o raciocínio e a linguagem, a ponto de interferir com as atividades de vida normais do paciente”, destaca.

O exame PET Amiloide, ainda segundo Silmara Segala, é uma estratégia importante para avaliar o cérebro e verificar o que pode estar causando problemas de memória e pensamento. “Ele tem função de confirmar ou excluir um diagnóstico da Doença de Alzheimer, especialmente naqueles pacientes com um diagnóstico incerto, como os que apresentam sintomas da demência em uma idade mais jovem do que o esperado, ou com comprometimento cognitivo leve e que não atende aos critérios para doença de Alzheimer”, esclarece.

O Ministério da Saúde estima que 1,2 milhão de brasileiros têm Alzheimer, com 100 mil novos diagnósticos ao ano. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que cerca de 55 milhões de pessoas vivam com algum tipo de demência. O exame de PET-CT com o marcador amiloide é um procedimento novo, mas está disponível em centros de referência espalhados pelo Brasil.