Um relatório divulgado há poucos dias pelo MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações) aponta que, em 2021, a ISSTIC (Indústria de Software e Serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação) cresceu 6,5% em relação ao ano anterior. Para chegar a esse dado, foi considerada a produção brasileira, estimada em US$ 53,3 bilhões (R$ 275,43 bilhões), valor que responde por 82,8% do total dos serviços produzidos pelo setor de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação).
Os indicativos fazem parte do relatório “Indústria de Software e Serviços de TIC no Brasil: caracterização e trajetória recente”, elaborado por pesquisadores do Observatório Softex, unidade de estudos e pesquisas da entidade.
O levantamento indica que o TIC brasileiro tem avançado a um percentual acima do setor global. Rosane Roverelli, Managing Director da Advantech Brasil, observa que os últimos anos foram atípicos, com múltiplas adversidades, sobretudo em decorrência da pandemia. Nesse contexto, a atuação do mercado de tecnologia foi essencial para trazer inovação e soluções para a nova forma de trabalho – híbrido e home office – e acelerar a transformação digital de maneira geral.
“Esta aceleração na transformação digital colocou o setor de tecnologia em ascensão e com potencial imenso de expansão. A expectativa é de que os investimentos em tecnologia no Brasil continuem crescendo acima da média mundial, como foi destacado no relatório”, diz.
Para Roverelli, a adoção de novas tecnologias será necessária para o desenvolvimento e competitividade no país. “O setor de tecnologia deve continuar impulsionando os mercados de agronegócio, energia verde, saúde, cibersegurança, eCloud, telecomunicações e infraestrutura”, afirma. “Especialmente no Agro, pelo constante crescimento na exportação de grãos e pelo fato de que o país é o maior nisso, a nível mundial, como foi citado no fórum internacional de investimentos de 2022”, reporta.
Ela acrescenta que os empresários têm buscado cada vez mais eficiência operacional, automatização de processos e robotização, usando tecnologias que permitam aumentar a produtividade e otimizar recursos para atrair e reter mais clientes e talentos.
Escassez de profissionais de tecnologia e eventos externos desafiam empresas
Patricia Carvalho, coordenadora de RH (Recursos Humanos) da Advantech Brasil, acredita que será preciso criar alternativas de treinamento e capacitação considerando a escassez de profissionais especializados no setor, uma das maiores preocupações na atualidade.
“A escassez de mão de obra de tecnologia interfere diretamente no crescimento do setor. As empresas precisam criar estratégias de gestão de pessoas para fazer com que os talentos queiram permanecer na empresa”, afirma. Com efeito, a demanda por profissionais nas áreas de software, serviços de TIC e TI In-House no Brasil deve chegar a 797 mil vagas até 2025, conforme pesquisa divulgada em dezembro de 2021 pela Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais).
Para Carvalho, outro desafio será atrair candidatos em um mercado tão disputado e, em um segundo passo, treiná-los em um modelo de onboarding eficaz e eficiente para gerar um retorno a curto ou médio prazo. “Um trabalho focado em cultura organizacional, ESG (Environmental, Social e Governance, na sigla em inglês – Ambiental, Social e Governança, em português), propósito e qualidade de vida, por meio de um modelo de trabalho flexível, pode ajudar nessa missão e fornecer destaque para as empresas nesse momento”, articula.
Roverelli complementa que as empresas terão que se preparar para vender em um ano em que o cliente terá muitas desculpas para não comprar por causa de fatores externos que não controlam, como inflação, a guerra na Ucrânia, eleição em outubro no Brasil e o evento da Copa do Mundo de futebol.
5G e IA lideram potenciais de investimento em tecnologia no Brasil
Questionada a respeito dos potenciais de investimento na área de tecnologia no Brasil, a Managing Director da Advantech Brasil acredita que as inovações tecnológicas cruciais para o Brasil serão o 5G e a IA (Inteligência artificial).
De acordo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Belo Horizonte (MG), João Pessoa (PB) e Porto Alegre (RS) devem receber a tecnologia a partir de sexta-feira (29). Brasília (DF) foi a primeira cidade do país a receber a tecnologia, em 6 de julho de 2022. Segundo a agência, todas as capitais devem receber a frequência até o dia 29 de setembro. Já os municípios com população igual ou superior a 500 mil habitantes devem receber a quinta geração das redes móveis a partir de 1º de janeiro de 2023.
“A implementação do 5G cresce no mundo e, mesmo em meio à crise econômica global, as empresas brasileiras não abriram mão da tecnologia. Com a adoção do 5G, os negócios poderão controlar todas as suas ferramentas, processos e dispositivos de forma prática, remota e inteligente, ajudando a vencer as barreiras territoriais e aumentando a cobertura no país”, afirma Roverelli. “Outra vantagem do 5G é que, atrelada à IoT (Internet of Things, na sigla em inglês – Internet das coisas, em português), a tecnologia é capaz de reportar gargalos e falhas nos sistemas de forma rápida e eficiente” complementa.
Já com investimentos em IA, prossegue, os negócios poderão potencializar seus resultados, aumentando a produtividade e economizando recursos, além de preservar a qualidade de vida dos seus colaboradores”, analisa. “Ao contrário de um software convencional, soluções que exploram a inteligência artificial conseguem aprimorar qualquer tipo de serviços e atividade, tornando o planeta cada vez mais inteligente e sustentável”, conclui.
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