Em meio à urgência pela preservação ambiental, acompanhada pela crescente fome global, um projeto visa encontrar o equilíbrio entre o ser humano, a agricultura e a floresta. O chamado “Amazon Movement” é uma parceria entre a WeWe, organização para preservação ambiental, e a UFAM (Universidade Federal do Amazonas). Com apoio da Secretaria do Meio Ambiente e do Governo do Estado do Amazonas, 20 mil árvores serão plantadas para criação de agroflorestas em três comunidades da Floresta Amazônica.
Mas o que são agroflorestas?
O SAF (Sistema Agroflorestal) combina agricultura e preservação ambiental. Segundo o Código Florestal da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o SAF conserva o solo e diminui a pressão pelo uso da terra para a produção agrícola.
O objetivo é respeitar a biodiversidade e, ao mesmo tempo, criar um sistema econômico social sustentável. Para isso, técnicas antigas de povos tradicionais de diferentes partes do mundo são combinadas ao conhecimento científico, sempre levando em consideração as necessidades socioeconômicas dos moradores.
Ainda de acordo com a Embrapa, os primeiros resultados são esperados em dois anos, sendo possível a comercialização de grãos, hortaliças e frutas.
Já em 10 anos, é esperado que os SAFs atinjam boa maturidade, com estabilidade produtiva das espécies frutíferas e a colheita das madeiras. Nesta fase, a demanda da mão de obra diminui, já que não há tanta necessidade de manutenção das espécies plantadas.
“Nós acreditamos que não existe a possibilidade de cuidar e recompor a floresta sem cuidar dos seres humanos que vivem em seu entorno. Eles precisam ser os guardiões da floresta junto conosco. Para isso, precisam de fontes de renda alternativas, de apoio cultural, social e melhorar sua qualidade de vida em equilíbrio com a recomposição da natureza que os cercam”, afirma Roberto Dotta, fundador do “Amazon Movement”.
No projeto, o planejamento de restauro das florestas originais das comunidades atendidas já foi iniciado.
Cuidado em cada semente
Cada muda é escolhida de perto para que as 20 mil árvores se transformem em uma floresta autônoma e sustentável economicamente, rendendo preservação para o meio ambiente e renda e saúde para os moradores.
As espécies precisam estar de acordo com o bioma da região, e por esse e outros motivos o projeto prevê também a criação de um banco de sementes para conservação de seu material genético. Desta forma, os profissionais da UFAM terão dados para avaliar as melhores procedências e apoiar projetos de restauro na Amazônia.