Projeto “Conte lá que eu canto cá” se apresenta para estudantes do DF

Projeto “Conte lá que eu canto cá” se apresenta para estudantes do DF

Inspirado na cadência das rimas e na filosofia do poeta e repentista Patativa do Assaré – um dos principais representantes da arte popular nordestina do século XX, o projeto cultural “Conte lá que eu conto cá” se apresenta em Brasília neste mês de maio, só que desta vez, de um jeito diferente: a trupe vai até o público infantojuvenil e leva sua arte a cinco escolas da região administrativa do Distrito Federal. Na próxima semana, serão quatro unidades escolares na agenda: Planaltina EC 09 (23/5), Ceilândia EC Maria do Rosário (24/5), Paranoá EC 01 (25/5) e Gama CE Engenho das Lages (26/5).

A estreia da temporada educacional foi em Brazlândia CEM 01 no dia 11 de maio. A cada visita, os artistas promovem um circuito cênico musical, com concerto, contação de histórias e uma interação lúdica com oficina de catira – ritmo musical e estilo de dança com maior recorrência nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil e forte adesão no interior. A prática é transmitida aos estudantes com as tradicionais batidas das mãos e dos pés – originárias de culturas portuguesa, africana, indígena, espanhola e outras europeias.

O grupo é formado pelo músico Marcello Linhos (violeiro e cantor) e a atriz Adriana Nunes – integrantes da Cia de Comédia Os Melhores do Mundo – e os músicos Nelson Latif (violonista), Marcelo Lima (bandolinista) e Fred Magalhães (percussionista).

Voltado para estudantes entre oito e 12 anos, o projeto visa disseminar a cultura popular e a formação de plateia. A produção lança um novo olhar sobre o sertão do Brasil e desvenda as singularidades por trás dos poemas, histórias, músicas marcantes e dos sotaques.
“Levamos para o palco esses sertões tão múltiplos que aprendi a gostar dentro de casa”, explica Marcello Linhos, um dos idealizadores do projeto, que é filho de mãe goiana e de pai mato-grossense, tal como sua irmã, Adriana Nunes. E juntos, eles fomentam a cultura nordestina. “Acreditamos que o sertão é nossa raiz, que temos o dever de não deixar se perder a história do povo brasileiro, contada e cantada. E tantas vezes passada somente por tradição oral”, complementa Adriana. Com este trabalho, o grupo observa que o público se sente parte, recorda seu valor familiar e de pertencimento enquanto cidadão.

O espetáculo visa incentivar a memória individual e coletiva da plateia. “O que percebemos a cada apresentação é que aos poucos as pessoas foram se desligando da sua raiz. A intenção é fazer com que a plateia se reconecte com essa origem. No fundo todo mundo é caipira. As pessoas têm sempre um pai, um tio com ligação à roça, mesmo que não saibam. Nossa função é despertar essa consciência cultural no público”, diz Linhos.

Com as crianças e adolescentes, a proposta vai além e visa ampliar a visão do estudante, incentivar a contação de histórias e a pesquisa por novas formas de manifestação cultural. “Levar essa diversidade cultural para os alunos é de uma importância primordial. E a possibilidade de estarmos no palco para essas crianças, é graças ao apoio governamental. Do nosso lado temos possibilidade de escolher a dedo as escolas e crianças que têm mais necessidade de ter esse contato com a arte”, finaliza o músico.

O projeto tem apoio do FAC – Fundo de Apoio à Cultura, principal instrumento de fomento às atividades artísticas e culturais da Secretaria de Cultura do DF. A montagem foi feita no início de 2020, quando o grupo fez várias apresentações em palcos teatrais para a grande plateia de Brasília e partiu em turnê para Moçambique e África do Sul. Depois, também foi transformado em pílulas para Portugal. Com a chegada da pandemia e a impossibilidade de estar nos palcos, foi adaptado para websérie, exibida em 2021. “Neste período, incrementamos o repertório e criamos novos formatos para o espetáculo, não só com músicas e contos, mas trazendo um pouco da história dos compositores, bem como a cultura do Maranhão”, lembra Linhos.

Apesar desta recente trajetória, o músico Marcello Linhos confessa que a arte de Patativa do Assaré está na essência dos artistas envolvidos há mais de 15 anos, como de outros ícones da cultura nordestina e de compositores, como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Gilberto Gil, Rolandro Boldrin, Paulo Diniz, Chico Buarque e outros.

O grupo ainda quer mais. Uma das metas para próximas temporadas é inserir no repertório novos autores e compositores e mira o olhar para as culturas do Norte e Sul do país.

SERVIÇO
O que: “Temporada do projeto cultural “Conte Lá que Eu Canto Cá” para escolas da região administrativa do DF

Próximas apresentações:
23/5 – Planaltina-DF | EC 09 (matutino) – entre 10h e 12h
Endereço: Setor Residencial Norte Brasília – DF
24/5 – Ceilândia-DF | EC Maria do Rosário (matutino) – 10h
Endereço: St. N EQNN 21/23 – Ceilândia, Brasília – DF
25/5 – Paranoá-DF | EC 01 (11h e 13h30)
Endereço: Q 26 Cj G Ae 01 – Paranoá, Brasília – DF
26/5 – Gama-DF | CE Engenho das Lages (matutino) (10h, 11h e 13h)
Endereço: BR-060, Km 30 3100 – Gama, Brasília – DF