Profissionais da Odontologia estão expostos a diversos riscos ocupacionais

Profissionais da Odontologia estão expostos a diversos riscos ocupacionais

No dia 28 de abril é comemorado o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho. A data foi instituída em memória às vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Para celebrar a ocasião, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) destaca as particularidades da Odontologia e os cuidados que envolvem os profissionais que trabalham na área. 

A atuação na Odontologia requer ações de coordenação motora, raciocínio, discernimento, paciência, segurança, habilidade, delicadeza, firmeza, objetividade. Tais ações, em conjunto, exigem muito do profissional e de sua equipe. Os riscos operacionais podem levar a doenças, à invalidez e, até mesmo, à morte. 

A cirurgiã-dentista e presidente da Câmara Técnica de Odontologia do Trabalho do CROSP, Dra. Eliete Dominguez Lopez Camanho, esclarece que o risco ocupacional é entendido como tudo aquilo que envolve a possibilidade de consequências negativas ou danos para a saúde e a integridade física, mental ou moral do trabalhador. Tais danos compreendem todos os prejuízos ou agravos concebidos devido às exigências e vivências laborais, designados como físicos, psicológicos e sociais. 

De acordo com a Dra. Eliete, são considerados riscos ambientais os agentes físicos (ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações etc.), químicos (poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores que podem ser absorvidos por via respiratória ou através da pele etc.), biológicos (bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros), além de riscos ergonômicos e riscos de acidentes existentes nos locais de trabalho e que venham a causar danos à saúde dos trabalhadores.

Doenças profissionais frequentes ao Cirurgião-Dentista e equipe 

No que diz respeito às doenças relacionadas ao exercício da Odontologia, a especialista explica que o Cirurgião-Dentista e equipe movimentam a coluna no sentido de inclinações para frente, laterais, flexões e extensões. Ela lembra, ainda, que a rotina abusiva dessas posições leva a problemas de origem postural como escoliose, cifose e lordose, bem como dores musculares na região dorsal, lombar, pernas, braços, pés, alterações cervicais, dorsais e lombares. 

Além dos problemas de origem postural, a cirurgiã-dentista cita ainda cefaleias, perturbações circulatórias, varizes, bursite dos ombros e cotovelos, inflamações de tendões, fadiga dos olhos, desigualdade da altura dos ombros (artrite cervical) e DORT (Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho) – que, por ser uma lesão por trauma cumulativo, tem quadro doloroso que acomete tendões, bainhas sinoviais, músculos, nervos, ligamentos, e afeta frequentemente os membros superiores, região escapular e pescoço, causando dor acentuada nos músculos esternocleidomastoideo, trapézio superior, temporal, masseter superficial, entre outros.  

“Podemos mencionar, também, os fatores determinantes de tensão e estresse que os levam a lidar com o medo, ansiedade e nervosismo dos pacientes; o cuidado com o manejo de instrumentos cortantes, com risco para o profissional e paciente; eventuais precariedades nas condições de trabalho; o isolamento do profissional no consultório; o trabalho repetitivo; a carga exaustiva de horas trabalhadas por dia e a competitividade”, acrescenta.

Esses fatores, segundo a Dra. Eliete, podem acarretar desde insatisfação, fadiga mental e irritabilidade, até dificuldade de concentração, de relacionamento, ansiedade, depressão, Síndrome de Burnout, entre outros.

Ações preventivas 

Como ações preventivas para a manutenção da saúde dos profissionais da Odontologia, Dra. Eliete sugere: 

1- Realizar atividade física e de lazer.

2- Verificar se a carteira de vacinação está em dia – para isso, basta ir até uma Unidade de Saúde. As vacinas obrigatórias para prevenção de contaminações nas clínicas odontológicas são: hepatite B, febre amarela, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), dupla adulto (difteria e tétano), influenza, pneumonia, BCG (tuberculose) e Covid-19.

3- Utilizar EPIs básicos para a segurança e redução de riscos no atendimento odontológico, entre eles: gorro, luvas, sobreluvas, máscaras, jalecos, sapatos fechados, óculos de proteção, protetor facial (Face Shield) e propés. 

4 – Realizar limpeza, desinfecção dos artigos e superfícies, sendo: assepsia (medidas adotadas para impedir que determinado local seja contaminado); antissepsia (eliminação das formas vegetativas de bactérias patogênicas de um tecido vivo); limpeza (remoção de sujeiras para redução de micro-organismos presentes em superfícies).

Deve ser realizada antes da desinfecção (eliminação de microrganismos patogênicos de seres inanimados) e/ou esterilização (total eliminação da vida microbiológica dos materiais).

5 – Descartar o lixo contaminado e não contaminado, sendo que aqueles baseados na RDC Nº 222 e na NBR Nº 9191 – ABNT devem ser desprezados como resíduo hospitalar em saco branco com identificação internacional de resíduo infectante (BRASIL, 2008). Os profissionais devem evitar contato direto com a matéria orgânica, além de que o uso de barreiras protetoras é extremamente eficiente na redução do contato com sangue e secreções orgânicas.

Por fim, a cirurgiã-dentista considera fundamental que os profissionais da Odontologia entendam a importância de se seguir minimamente o preconizado nas Normas de Biossegurança, Ergonomia e a NR-32, pois elas têm como finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. 

“Desta forma, tanto o cirurgião-dentista quanto sua equipe terão condições adequadas de trabalho que possibilitam o seu melhor desempenho, que, como seu estado físico e mental, sofre influência direta do ambiente e da postura adotada para a execução do trabalho”, enfatiza a especialista.