Após as catástrofes ambientais geradas pelos mais recentes rompimentos de barragens em Minas Gerais – o primeiro em 2015 e, novamente, em 2019 – e as centenas de mortos e desaparecidos resultantes de tais tragédias, uma discussão sobre a necessidade do desenvolvimento, e adoção, de alternativas mais seguras para o gerenciamento de resíduos de mineração ganhou grande notoriedade entre a sociedade e o poder público.
Em busca de soluções que possam, ao menos, reduzir esses riscos, diversas empresas do setor passaram a investir em sistemas de filtragem de rejeitos e empilhamento a seco (Dry Stacking) em oposição ao processo convencional – que ao utilizar água, gera o resíduo líquido que precisa ser armazenado nas barragens de contenção.
Esse tipo de processamento possibilita o beneficiamento do minério utilizando um equipamento chamado filtro-prensa para ‘ressecar’ o material. O processo consiste em uma espécie de super compressão da lama com intuito de extrair o máximo possível de líquido. Após passar por um sistema composto de bombas, diversas válvulas e filtros, o resultado é um produto muito mais estável, compacto e de fácil estocagem.
Com o chamado filtro-prensa, a pressão é utilizada para a separação da ”solução rica”, ou seja, a parte sólida (chamada de torta de filtro), do rejeito líquido. Dessa maneira, apenas uma pequena porção de água permanece no local, o suficiente desta para dar “liga” no material – dessa maneira, o rejeito pode ser direcionado para qualquer local escolhido ou estudo de desenvolvimento de produto. As válvulas, nesse processo, são utilizadas em diversos pontos: no processo de bombeamento e na linha onde é colocado o rejeito até o filtro, além de no próprio filtro.
Neste tipo de filtro-prensa de alta produtividade, as placas filtrantes ficam suspensas na viga superior, com sua movimentação ocorrendo de forma automática por um dispositivo de deslocamento rápido do tipo carrossel – isso permite a redução do tempo de abertura e fechamento do filtro.
Os quatro cilindros hidráulicos posicionados nos vértices do pacote de placas, dessa maneira, garantem um melhor funcionamento, minimizando esforços estruturais até mesmo nas condições de trabalho mais extremas.
De acordo com João Mauro, Diretor de Operações da Casa das Válvulas, empresa especializada em equipamentos hidráulicos industriais, com a utilização deste tipo de filtro, “as barragens úmidas deixam de ser necessárias, e assim não correríamos mais o risco de alguma delas se romper com o excesso de umidade”.
E, apesar de ser a mais importante, essa não é a única vantagem proporcionada pela mudança no tipo de tecnologia utilizada nesse setor da mineração. Além da redução drástica dos riscos ambientais, e dos riscos para a população que vive nas proximidades, com a ausência de barragens, as pilhas de rejeito poderiam ser devolvidas à cava, “reprocessando este material descartado, retirando a umidade e criando produtos para serem utilizados no dia a dia das pessoas”.
Alguns estudos e projetos, como o Reciclos da Ufop (Universidade Federal de Ouro Preto), indicam que o processo pode gerar alto índice de reaproveitamento de água e o material decorrente pode ser reciclado e reutilizado. O extrato seco já foi empregado de diversas formas, entre elas estão o uso na construção civil, na fabricação de blocos, telhas, tijolos, pigmento para pintura e a aplicação da areia em obras mais pesadas, como pavimentação asfáltica.
Para mais informações, basta acessar: https://casadasvalvulasmg.com.br/