A crise hídrica dos últimos dois anos agravou as condições do setor elétrico brasileiro. A baixa disponibilidade nos reservatórios obrigou os Estados do Sul e Sudeste a importarem energia e exigiu a entrada em operação das termelétricas, tornando o custo da energia cada vez mais alto, num momento em que a inflação corrói o poder de compra.
Um bom exemplo de uso racional de energia e água vem do Primavera Office, empreendimento do Grupo Pedra Branca, em Florianópolis. O edifício acaba de receber o selo LEED Platinum. Assim, torna-se o 1º da capital catarinense a conquistar o mais alto nível de certificação, em sua categoria.
“A inovação está no DNA do grupo. Antes o que era uma novidade, está virando padrão. E nós estamos na vanguarda desse movimento”, comenta o diretor-executivo da Pedra Branca Empreendimentos, Marcelo Consonni Gomes.
O Primavera Office é um edifício comercial de 13,2 mil metros quadrados que está localizado no Passeio Primavera, complexo com bares, restaurantes e serviços. Também é sede da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), que abriga diversas startups de tecnologia.
A edificação conta com diversas soluções de eficiência implantadas pela Petinelli, empresa de engenharia e consultoria em sustentabilidade, como sistemas eficientes de fachada e ar-condicionado, iluminação LED das áreas comuns e ventilação por demanda nas garagens.
Ainda, tem sistema fotovoltaico para geração de energia solar. Os 84 módulos fotovoltaicos instalados no telhado do Primavera Office têm potencial de geração de energia de 33,8 MWh/ano. Esse conjunto é responsável por uma redução anual de 45% em energia para a edificação, o que equivale a uma economia de R$ 350 mil por ano para os inquilinos.
Além disso, os metais e louças eficientes e o sistema de reaproveitamento de água da chuva instalados na edificação garantem uma economia de 78% em água. “O projeto foi concebido para proporcionar conforto térmico, qualidade do ar interno, eficiência energética e de uso da água, espaços abertos para convivência dos ocupantes e fácil acesso a transporte e serviços”, explica o CEO da Petinelli, Guido Petinelli.
Guido ressalta ainda que a edificação busca oferecer o máximo em bem-estar para os ocupantes do edifício. Ele explica que a fachada recebeu vidros com proteção solar para garantir conforto térmico em qualquer estação do ano, reduzindo a dependência do ar-condicionado.
“Ela também proporciona vistas de qualidade do interior dos ambientes para o exterior, gerando conforto visual e reduzindo os níveis de estresse”, observa Guido. O paisagismo é sustentável e o prédio conta com um ecossistema formado por espécies nativas ou adaptadas.
Para manter os ambientes arejados, evitando especialmente o surgimento de doenças respiratórias, foram entregues ventiladores de renovação do ar – tanto nas áreas comuns, quanto nas áreas internas. Até a garagem tem um sistema especial de ventilação, com monitoramento dos níveis de monóxido de carbono.
O edifício corporativo também incentiva o uso de meios de transporte alternativos. Isso quer dizer que ele oferece infraestrutura para carregamento de veículos elétricos e bicicletários. “A localização de fácil acesso a serviços e transporte público também contribui para uma menor dependência do uso de automóveis, que são altamente poluentes”, pontua Guido.
O diretor-executivo da Pedra Branca conta o que motivou a empresa a certificar LEED Platinum o Primavera Office. “Esse é um edifício que foi construído para locação, não para a venda. E quando a gente fala em sustentabilidade, o importante é pensar no longo prazo. Diversos elementos tecnológicos foram pensados para economizar água e energia e, com isso, também garantir uma valorização do ativo a partir da percepção de valor do cliente”, argumenta.
O engenheiro de obras, Flavio Ludvig, diz que a percepção de valor em trabalhar num edifício verde já é sentida por quem frequenta o local. “Os clientes estão cientes que o prédio tem esses diferenciais e tudo isso vai trazer um retorno a longo prazo na utilização do prédio, principalmente na questão do bem-estar deles e na questão financeira, no sentido de reduzir os custos operacionais”, reforça.
O resultado é o aumento da velocidade de locação e, consequentemente, a baixa vacância das unidades. “Isso nos levou a uma ocupação de aproximadamente 100% do prédio. Numa região que deve ter uma vacância de 30% a 40%, nós temos uma taxa de 2% a 3%, o que está muito relacionado à questão da sustentabilidade”, ressalta Marcelo.
Engana-se quem pensa que para se chegar a esse resultado a empresa teve que aportar mais recursos na construção. Ludvig conta a fórmula. “Se o projeto for bem pensado e nós tivermos um bom parceiro ao nosso lado, é possível ter um edifício mais eficiente e sustentável sem custo extra. Pelo contrário, conseguimos até igualar o preço de construção ao de um prédio convencional. Antigamente, o custo adicional podia chegar até 30%. Hoje a gente já desmistificou isso”, afirma.
O Primavera é o sexto edifício certificado LEED Platinum em Santa Catarina. Todos eles atingiram o mais alto nível na certificação e contaram com a consultoria da Petinelli. Em Santa Catarina, 35% dos projetos certificados LEED alcançam o nível Platinum, enquanto no resto do país, apenas 9% dos projetos chegam nesse resultado.