A Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial, iniciativa que chegou para discutir a forma como as instituições se comprometem com o combate ao racismo e vão equacionar o problema da equidade racial no Brasil daqui para a frente, lança o Índice ESG de Equidade Racial Setorial. A metodologia foi desenvolvida para estabelecer um parâmetro para cada segmento da economia nacional e servir como referência para as empresas que desejam combater a desigualdade racial.
Além de ter uma referência, o índice também dá uma diretriz para que as empresas possam estabelecer suas próprias metas de desenvolvimento e perseguir seus objetivos, com o suporte do Pacto, cuja proposta é implementar um protocolo ESG racial para o Brasil.
“Estava muito difícil para as empresas desenvolverem suas metas e métricas, porque até então não existia uma referência. Agora, o índice setorial traz essas referências, além de ser um instrumento extremamente inédito. É mais uma ferramenta disponível para auxiliar as empresas nessa jornada que é o combate ao racismo, por meio de estatísticas”, explica o Diretor Executivo do Pacto, Gilberto Costa.
Segundo o economista Lucas Cavalcanti, um dos profissionais que criou a metodologia e o cálculo, o índice separa as companhias por área de atuação, porque empresas de segmentos diferentes têm configurações e realidades bastante distintas e, portanto, necessitam ser comparadas e avaliadas levando em consideração os seus pares. “As métricas que são utilizadas para avaliar um banco não podem ser iguais às utilizadas para analisar uma indústria química, automobilística, ou determinada área de varejo”, esclarece.
Para desenvolver a pesquisa e estipular valores de referência para cada setor, Cavalcanti usou os dados da RAIS não identificada de 2020 e uma nova forma de agregação do Índice de equidade ocupacional. Assim, o cálculo foi feito agregando o índice de equidade de ocupações, usado no cálculo do Índice ESG de Equidade Racial (IEER) para empresas, a nível dos subsetores do IBGE, gerando um IEER para cada subsetor da economia.
“O lançamento do Índice ESG de Equidade Racial Setorial neste Dia Internacional contra a Discriminação Racial, é muito oportuno. Estamos gerando inteligência para combater o racismo. Racismo se combate com fato e dado com o estabelecimento de metas objetivas e investimento e não com emoção”, destaca o Diretor Executivo do Pacto.
Para o Diretor Estatutário do Pacto, Theo Van Der Loo, o maior desafio é romper uma barreira que existe por parte das empresas para compartilhar seus dados. “Como inicialmente nenhuma empresa está em um nível ideal do índice, muitas têm receio de abrir suas informações. Mas destaco que nenhuma empresa terá um índice perfeito nesse início. Esse é um processo evolutivo, é um esforço contínuo. E o que mais importa é o avanço”, afirma
Em seu ponto de vista, não existe um vencedor, o único vencedor com essa iniciativa é o Brasil. É necessário que as empresas forneçam seus dados e experiências para que o país possa realmente avançar. Além de ser gratuito, o índice setorial do Pacto não concorre com outras iniciativas e pode ser utilizado por qualquer instituição engajada com a questão racial. “Para ser mais competitivo, o Brasil precisa de todos os seus talentos”, reforça Theo Van Der Loo.
O cálculo do Índice ESG de Equidade Racial para os grandes subsetores da economia tira o foco de empresas específicas e coloca em setores de atividade mais amplos. É um grande incentivo para a adesão das empresas ao protocolo ESG racial.
Esse trabalho tem ganhado muita força junto à B3 – Bolsa de Valores, a Febraban – Federação Brasileira de Bancos e a AMBIMA – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, que representa as instituições do mercado de capitais brasileiro, além de IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, ABRH – Associação Brasileira de Recursos Humanos, FecomercioSP – Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo – e Rede Brasil do Pacto Global da ONU.