Dados da World Population Prospects, divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU), mostram que até 2050, uma em cada seis pessoas no mundo terá mais de 65 anos, chegando a 16% da população mundial. Em 2019, pessoas com essa idade correspondiam a uma a cada 11, e representavam 9% da população. Na Europa e na América do Norte, até metade deste século, uma em cada quatro pessoas que vivem nas duas regiões poderá ter 65 anos ou mais. E o número de pessoas com 80 anos ou mais deverá triplicar, passando de 143 milhões em 2019 para 426 milhões daqui a 27 anos.
No Brasil, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado, pessoas com 60 anos ou mais representavam 14,7% da população em 2021, correspondendo a 31, 23 milhões de pessoas. Em nove anos, o número de idosos aumentou 39,8% e, ainda segundo os dados do Instituto, existe uma tendência de queda na proporção da população jovem do país. Em 2012, quando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) teve início, 49,9% dos residentes no Brasil tinham menos de 30 anos. Em 2021, esse percentual era de 43,9%.
O envelhecimento da população, além de demandar investimento em políticas públicas para atender a faixa etária acima dos 60 anos, também demandará atenção dobrada, especialmente de profissionais de saúde. Com experiência de seis anos atuando com reabilitação de idosos, o fisioterapeuta Vinicius Luiz Guimarães Sebastião comenta que alguns cuidados são essenciais para manter a qualidade de vida de pessoas que já atingiram a chamada “terceira idade”.
O profissional explica que todas as funções fisiológicas do corpo são diminuídas no processo de envelhecimento e com as funções muscular, cardíaca e pulmonar não é diferente. Segundo ele, a diminuição da atividade desses três sistemas impacta diretamente na força, funcionalidade e mobilidade do idoso, levando-o ao cansaço precoce ao realizar tarefas que demandam um maior gasto energético.
“Nesse cenário, o fisioterapeuta desenvolve planos de exercícios a partir de avalição prévia, tais como exercícios aeróbicos com o objetivo de restabelecer e aumentar o condicionamento cardíaco e pulmonar, exercícios resistidos, que têm o objetivo de promover o aumento do ganho muscular e força, além de exercícios de alongamentos para manter uma boa flexibilidade, entre outros”, diz.
Prevenção e melhor resposta às quedas de idosos
Um estudo publicado na Revista Brasileira de Epidemiologia constatou que, no período de 2000 a 2019, foram identificados 135.209 óbitos de idosos decorrentes de quedas. Na conclusão, os autores do estudo, pesquisadores de quatro universidades públicas, afirmaram que foi observada tendência crescente de mortalidade de idosos relacionada a esse motivo e que é necessário linhas de cuidados voltadas para a promoção da saúde e prevenção dos riscos de queda.
O fisioterapeuta Vinicius Sebastião afirma que um atendimento fisioterapêutico é importante para prevenir problemas sérios e até mortalidade causada por quedas. Ele observa que as quedas geralmente são seguidas de complicações secundárias como lesões e traumas no crânio, fraturas e o desenvolvimento do medo de futuras quedas. Segundo o que já observou no atendimento de idosos, as quedas costumam estar relacionadas a fatores físicos, próprios do idoso, e ambientais, que podem ser evitados.
“Há questões multifatoriais como perda da velocidade da marcha, diminuição do tempo de reação, diminuição da produção da força e da potência muscular além de fatores externos, como ambientes com pouca iluminação e/ou muitos objetos dispostos no chão, pets que vivem dentro do domicílio, tapetes próximos de escadas e o uso de calçados inadequados”, ressalta.
De acordo com o profissional, nesses cenários o fisioterapeuta atua criando estratégias para prevenção de futuras quedas. “Primeiramente identificamos os fatores de risco externos e realizamos a conscientização e educação do paciente e familiares quanto às medidas de cuidado. Em um segundo momento, indicamos o treinamento para promoção do equilíbrio e a melhora do sistema proprioceptivo do paciente, como também o sistema neuromuscular e músculo esquelético”, complementa.
Tratamento aliado à prevenção e cuidado contra a depressão
Além de exercícios para ajudar a melhorar condição física e para a prevenção de quedas e suas consequências, um tratamento fisioterapêutico também pode atenuar efeitos da depressão. Vinicius Sebastião explica para o tratamento contra a doença, o profissional de fisioterapia deve fazer parte da equipe multiprofissional de cuidado ao paciente.
“Exercícios respiratórios e musculares, alongamentos e sessões de massagem têm o propósito de melhorar a qualidade de vida do paciente idoso, melhorando a autoestima e aliviando dores. Essas técnicas podem ser potencializadas quando realizadas em grupo, promovendo a socialização do paciente, possibilitando o compartilhamento de suas experiências e incentivando o restabelecimento de sua vida social”, destaca.