Historicamente, a busca por crédito é a saída encontrada por pessoas físicas e jurídicas em situações de escassez de recursos, como a que veio à tona no Brasil e no mundo como uma das consequências da pandemia de Covid-19. Apesar disso, o percentual de empresas que procuraram por crédito no país apresentou o menor avanço do ano no mês de junho, com 2,9%, conforme levantamento da Serasa Experian. Um mês antes, em maio, a procura por crédito cresceu 8,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
O Indicador Serasa Experian de Demanda das Empresas por Crédito também revela que as micro e pequenas empresas buscaram mais crédito do que médias e grandes, com 3,1% de alta na busca por empréstimos. Os negócios de médio e grande porte tiveram queda de 5,8% e 2,3%, por sua vez. O movimento já tinha sido registrado em maio, quando as micro e pequenas empresas lideraram a alta da taxa.
Com uma expansão de 7,3%, o setor de serviços liderou o ranking de crescimento entre os setores que mais buscaram crédito, sendo seguido pela indústria, com 6,1%. O comércio foi o único segmento que apresentou decréscimo, com -3,2%.
Para Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial e Country Manager da Savel Capital Partners, o menor avanço anual, experimentado em junho, pode ser explicado: as empresas estão com um alto endividamento, o que dificulta o acesso a novas linhas de crédito. “Em um contexto de recuperação econômica, os bancos brasileiros nunca serão um facilitador para as empresas, dando o crédito necessário para o seu crescimento”.
Na análise de Bravo, o crescimento tímido na busca por crédito no período analisado também se deve ao fato do aumento da Taxa Selic, que impacta nas decisões dos empresários tomadores de crédito.
A projeção para a taxa Selic no fim de 2022 foi de 13,75% pela 9ª semana seguida no Boletim Focus, seu atual patamar, conforme publicado pelo portal O Dia. O Banco Central sinalizou que o ciclo de alta de juros pode ter se encerrado no Copom (Comitê de Política Monetária) de agosto. A taxa chegou ao número atual há cerca de um mês, após onze altas consecutivas. Para o final de 2023, a mediana para a Selic ficou em torno de 11%.
Para o especialista, a alta de juros e a inflação impactam na busca de crédito por parte de empresas, pois provocam a fuga de capitais para renda fixa, além de criar um aumento na resistência de empréstimo dos bancos aos clientes. “Isso porque, além de ficar com pouco capital disponível – devido a priorização de empréstimos para governos – a inflação aumenta o risco de ‘calote’ pelos clientes”, complementa.
Neste panorama, prossegue Bravo, o empresariado brasileiro pode buscar alternativas fora do país para “driblar” a situação adversa.
“A saída praticada por grandes empresas que, quando não conseguem captar no mercado doméstico é, justamente, captar no exterior – principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Por este motivo, recomendo que todas as empresas médias busquem conhecer este processo, chamado ACI (Aporte de Capital Internacional)”, explica.
O CEO da Inteligência Comercial e Country Manager da Savel Capital Partners ressalta que a tomada de crédito no exterior é uma alternativa real para médias e grandes empresas. “Entre os principais benefícios, os empreendimentos que buscam crédito internacional têm à disposição uma taxa de juros menor e a aceitação de qualquer tipo de garantia imobiliária”.
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