O empreendedorismo feminino tornou-se um tema mainstream à medida em que as mulheres em posições de liderança estão tendo sucesso entre os negócios, finanças e política. Um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)aponta que o empreendedorismo feminino no Brasil apresentou sinais de recuperação no último trimestre do ano passado, depois de sofrer retração a partir dos primeiros meses da pandemia do coronavírus.
O estudo, realizado com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), mostrou que após recuar para um total de 8,6 milhões, no segundo trimestre de 2020, o número de mulheres à frente de um negócio no país fechou o quarto trimestre de 2021 em 10,1 milhões, mesmo resultado registrado no último trimestre de 2019, antes da pandemia.
Uma pesquisa realizada pelo Movimento Aladas — que oferece uma plataforma de cursos digitais e conteúdos gratuitos sobre empreendedorismo —, em parceria com o Sebrae São Paulo, revelou que durante a pandemia 33% dos novos negócios foram abertos por mulheres, contra 29% por homens.
Diante disso, o Sebrae volta seu olhar para o tema e lança o Sebrae Delas. Ele é um projeto dentro do Programa Nacional Mulher de Negócios, que visa atender o público feminino de empreendedoras e seus empreendimentos. O que é feito por meio de capacitação e preparo destas para os desafios dos negócios e projetos. Embora o acesso a dados confiáveis seja desafiador, o objetivo é claramente mostrar que as elas capacitadas, podem ser eficazes em funções executivas.
De acordo com o novo estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), “Caracterização de MPMEs brasileiros e barreiras ao acesso ao crédito a partir de uma perspectiva de gênero“, as mulheres representam apenas 30,6% dos empregadores no Brasil e 35,3% dos trabalhadores autônomos, considerando todos os portes de empresas.
Quais são as barreiras e a tendência?
Igualdade e inclusão é um tema cada vez mais debatido dentro das empresas. A presença feminina nos negócios e na economia no geral, ainda está abaixo dos homens — e apesar dos preconceitos ainda existentes, as mulheres estão conquistando seu espaço, mas a desigualdade ainda é significativa.
As mulheres ainda têm dificuldades em conseguir acesso a empréstimos e financiamentos. Segundo o estudo da sétima edição da pesquisa “Mulheres empreendedoras e seus negócios” de 2022, realizada pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME), 42% das empreendedoras brasileiras que solicitaram crédito tiveram seus pedidos negados.
Cristina Boner, empreendedora com mais de 20 anos no mercado de tecnologia, complementa: “Temos uma sociedade onde mulheres empreendedoras ainda enfrentam dificuldades até para conseguir um empréstimo para poder investir em suas empresas”.
Empreender não é tão simples. Quem tem um negócio próprio precisa lidar com diversos obstáculos para poder colocar suas ideias em prática. A pesquisa “Sobrevivência de Empresas”, realizada pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), identificou que três em cada 10 microempreendedores individuais, os chamados MEIs, fecham as portas de seus negócios em até cinco anos.
Com a complexidade do ambiente de negócios e a necessidade de minimizar a falta de experiência, há passos importantes que não devem ser ignorados por quem decide empreender. A capacitação é um deles.
O programa de pesquisa Global Entrepreneurship Monitor(GEM), de abrangência mundial, é uma avaliação anual do nível nacional da atividade empreendedora. Vale destacar alguns cursos de capacitação, citados e pensados para empreendedoras que podem ajudar mulheres que querem começar um negócio:
- Despertando a Empreendedora;
- Projeto Qualifica Mulher;
- Cresça com o Google para Mulheres Pretas;
- Elas na Tech;
- Her She;
- Meninas Programadoras.
Um tipo diferente de Liderança
Apesar do senso comum direcionar a definição como aquele agente que abre uma empresa com a finalidade de se ter uma renda, a figura do empreendedor não se limita à essa definição. A liderança também é um componente presente, eis que se presta a inspirar e influenciar pessoas, juntas, atingirem um objetivo que seja do interesse de todas elas.
Segundo Cristina Boner, as mulheres parecem mais eficazes do que os homens em inspirar e motivar outras pessoas. “São extraordinárias na criação de negócios colaborativos ambientais e relacionamentos duradouros, tanto com suas equipes quanto com mercados. Elas também são altamente flexíveis e pivôs rapidamente durante tempos de crise. Não têm medo das mudanças de mercado e olham para as dificuldades do mercado como um momento de novo aprendizado.”
Empreendedora de sucesso
Boner diz que mulheres que deixaram sua marca nos negócios pelas seguintes razões:
1- Querem novos desafios e oportunidades de autorrealização;
2- Desejam provar sua coragem em empregos inovadores e competitivos;
3- Almejam a mudança nas posições de controle e o equilíbrio entre suas responsabilidades familiares e suas vidas profissionais.