O Simpósio Internacional “As Potencialidades do Maranhão na Nova Rota da Seda da China: Oportunidades de Negócios e de Desenvolvimento para o Brasil” promovido pela Fundação Sousândrade em parceria com a SEDEPE / Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Programas Estratégicos do Governo do Maranhão foi encerrado com sucesso para a inclusão do Maranhão na expansão da Nova Rota da Seda da China; por seus diferenciais logísticos, portuários e características especiais nos setores de energias renováveis e projetos de hidrogênio verde, gás e petróleo.
O evento foi promovido pela Fundação Sousândrade em parceria com a SEDEPE, com patrocínio da FIEMA – Federação das Indústrias do Maranhão, Suzano, GPM (Grão -Pará Multimodal), Equatorial Energia, Granel Química, e Universidade Ceuma, e apoio da Gasmar – Companhia Maranhense de Gás e do Porto do Itaqui.
O evento contou com o PhD Paul Lee, da Universidade Zhejiang (China), um dos idealizadores do estudo “Strategic locations for logistics distributions centers along the Belt & Road”, no qual a capital maranhense foi apontada como um dos pontos estratégicos para a expansão da Nova Rota da Seda da China em 2020.
O Prof. Paul Lee mostrou a empresários e investidores, representantes do Governo e da Academia no que consiste o programa BRI, iniciado pela China em 2013, com foco em mais de 700 projetos de infraestrutura e construção de portos, ferrovias, rodovias e aeroportos executados em mais de 100 países, que hoje fazem parte do programa Belt & Road Initiative (BRI).
A agenda foi sobre logística portuária e aconteceu na sede do Porto do Itaqui, iniciando com a apresentação do Presidente do porto Ted Lago. Localizado estrategicamente próximo aos principais mercados mundiais, o Itaqui possui infraestrutura para movimentar graneis sólidos vegetais e minerais, líquidos, cargas gerais e contêineres. Líder no escoamento de grãos no Arco Norte do país, hub de combustíveis e um dos principais portos públicos brasileiros, está conectado ao restante do país pela Estrada de Ferro Carajás e pela Transnordestina, além de uma conexão indireta com a Ferrovia Norte-Sul, que se liga à Estada de Ferro Carajás em Açailândia (MA).
Em seguida, foi apresentado o porto privado pertencente ao consórcio Alcoa, Rio Tinto e South32, voltado para o escoamento da alumina produzida pela Alumar. Depois, destaque para projetos importantes de portos privados em implantação: Porto São Luís da Ligga e Terminal Portuário de Alcântara (TPA) da empresa Grão-Pará Multimodal. Ambos já estão em fase de licenciamento, e são relevantes para reforçar a vocação portuária do Maranhão.
Thomaz Baker, Gerente Geral de Obras da Ligga – Projeto Porto São Luís falou sobre o empreendimento a ser realizado em diversas fases e que deve ser concluído em sua totalidade em um prazo de 20 anos. Esse será um porto de granéis sólidos e carga geral; com a diferença competitiva de já possuir uma carga âncora oriunda do Pará, de outros projetos da Ligga, empresa com valores alinhados aos melhores conceitos de ESG (sigla em inglês para Meio Ambiente, Social e Governança).
Paulo Salvador, sócio da Grão Pará Multimodal apresentou o projeto conjunto da Estrada de Ferro (EF-317) e o Terminal Porto de Alcântara / TPA, a serem construídos em regiões estratégicas de escoamento de matérias primas. A Ferrovia EF-317 com 520 km de extensão vai ligar o TPA à cidade de Açailândia (MA), uma alternativa ao crescimento acelerado do agronegócio brasileiro, com condições privilegiadas para o escoamento da produção agrícola no Arco Norte entre outras cargas. “A grande possibilidade que será criada com a EF-317 é de que o transporte ferroviário para o Itaqui possa subir dos atuais 35% para 80%; e de que o Porto do Itaqui possa duplicar rapidamente a sua carga anual dos 31 milhões de toneladas em 2021, para 60 milhões de toneladas ano” enfatizouele.
A agenda do terceiro dia foi realizada na sede da FIEMA. O engenheiro da Valec Urubatan Tupinambá falou sobre logística ferroviária. Os técnicos da SEDEPE Pedro Dantas da Rocha Neto, Fraga Araújo e Dr. Fabrício Brito apresentaram projetos de energias renováveis e nova economia verde, mercado de carbono zero, fertilizantes e hidrogênio verde, prioridades na China atualmente. Outro destaque foi o projeto para a implantação de uma ZPE / Zona de Processamento de Exportações no Maranhão que será determinante para facilitar negócios globais no Estado.
O Pres. da Gasmar Allan Kardec finalizou a agenda, falando sobre o projeto de exploração de gás natural na Bacia Sedimentar do Parnaíba e as perspectivas de exploração offshore de petróleo na chamada margem Equatorial, entre Pará e Maranhão. “A grande fronteira energética do planeta é aqui. Isso demonstra o quanto o Maranhão é um player estratégico para a China e para o mundo” disse ele.
Após essa ampla agenda, Paul Lee deixou registrado em documento recomendações estratégicas para a consolidação da parceria com a China. No Sumário Executivo, Lee destacou que o Estado do Maranhão e região possuem recursos agrícolas e naturais abundantes: grãos, recursos minerais (minério de ferro, cobre, manganês, bauxita, alumínio), petróleo e gás. E que o estado “pode não apenas contribuir para o atendimento às questões de segurança da China, mas também usufruir das vantagens e benefícios para o desenvolvimento econômico do Maranhão ao aderir ao BRI”.
As recomendações incluem ao estado que “investigue os mecanismos logísticos de todos os recursos para identificar eventuais problemas de gargalo e a procura de financiamento necessários para os resolver” e “prioridade de investimentos necessários para o Maranhão”, entre eles: o Porto de Alcântara, projetos de Créditos de Carbono, exploração da Margem Equatorial Brasileira, além da necessária interface entre Maranhão, indústrias e universidades para o desenvolvimento econômico.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, José Reinaldo Tavares, destacou que, com os resultados alcançados no Simpósio, o Maranhão deu um enorme passo para a sua integração à Rota da Seda. “Paul Lee concordou em ser nosso consultor para que possamos nos integrar, com a rapidez possível, no Sistema logístico da Rota da Seda. Vamos seguir somando esforços para alcançar essa meta”, declarou Tavares.