Inadimplência e busca por crédito atingem mais micro e pequenas empresas

Inadimplência e busca por crédito atingem mais micro e pequenas empresas

As micro e pequenas empresas (MPES) são mais atingidas pelo problema da inadimplência e a situação não deve melhorar nos próximos meses. Esse é a análise da Serasa Experian, que em recente boletim econômico mostrou que 5,519 milhões de MPES estavam inadimplentes no mês de abril. O número é 0,7% maior do que o registrado no mesmo período de 2021.

A maior parte das micro e pequenas empresas que estão descumprindo com seus compromissos financeiros são do setor de serviços (51,4%), seguidas do setor de comércio (40%) e industrial (8,1%). Segundo análise da Serasa, a situação de inadimplência das empresas de menor porte deve se elevar nos próximos meses, o que também pode elevar a busca por crédito. De acordo com a instituição de pesquisa, enquanto se notou recursos de 9,9% e de 11% na busca por crédito das médias e grandes empresas, respectivamente, durante os primeiros cinco meses de 2022, em comparação com o mesmo período do ano passado, as MPES aumentaram em 12,7% a busca por empréstimo.

Para frear o círculo vicioso de endividamento, aquisição de crédito para cobrir dívidas, não conseguir pagar e prejudicar o funcionamento da empresa, um bom planejamento financeiro pode ajudar, como explica o administrador Ademir Castro Lopes Júnior. Segundo ele, a primeira providência que o gestor deve tomar é buscar conhecer e entender o cenário em que a empresa se encontra atualmente.

“Fazer um check-up levantando todos os saldos (créditos) e previsões de entradas e todas as despesas e suas previsões. Com a coleta desses dados já é possível verificar a situação. Diante destas informações, o gestor identificará possíveis problemas que precisem de ações imediatas”, aconselha ele, que tem experiência com administração de finanças empresariais.

Lopes Júnior acrescenta que no caso de a empresa estar com dívidas, é preciso reforçar essa análise, fazendo um levantamento de credores e valores devidos a cada um deles. Essa informação possibilitará desenvolver uma estratégia para quitar tais débitos e utilizar o lucro da empresa para fins melhores.

“Para evitar o endividamento, saber como fazer um plano financeiro é fundamental. Isso porque, por meio dele, é possível verificar pontos essenciais, como variações no fluxo de caixa. Dessa forma, ao analisar que as vendas estão caindo, por exemplo, evita-se gastar, solicitar empréstimos e gerar mais dívidas”, reforça ele.

Ele complementa que o planejamento financeiro deve vir seguido de boa gestão de capital de giro, avaliação constante do desempenho do negócio por meio dos indicadores financeiros e operacionais. “É preciso analisar também o retorno dos investimentos e as melhores alternativas em termos tributários para o estabelecimento”, diz.

Para evitar endividamentos, atingir saúde financeira da empresa requer atenção a vários fatores

De acordo com o Mapa das Empresas, do Ministério da Economia, somente neste ano, mais de 150 mil empresas foram extintas, sem contar o fechamento de filiais. Na experiência do administrador de empresas Ademir Lopes Júnior, atingir o sucesso financeiro da empresa requer alguns cuidados dos gestores, de modo a evitar situações que levem a endividamentos e prejuízos, fazendo com que a organização entre para estatísticas de encerramento das atividades.

Entre os conselhos que ele dá para os gestores de micro e pequenas empresas, as mais atingidas pela crise econômica do país, estão:

Definição de um orçamento – “A previsão orçamentária é imprescindível para o sucesso de um planejamento estratégico financeiro.  É ela que vai subsidiar as principais informações relativas à previsibilidade financeira da empresa. Em contrapartida, sem ela, as decisões serão verdadeiros ‘tiros no escuro’”, analisa.

Conhecimento dos custos – Necessário para ter uma ampla visão dos custos das empresas. “Não despreze gastos simples, gastos que passam despercebidos, que em um montante somam quantias e atrapalharão a saúde financeira. Separe os custos diretos e indiretos, depois some os valores que mantém a sua empresa aberta e, por fim, inclua os custos variáveis e fixos. Atente-se aos impostos diversos, pois geram impacto. Uma boa assessoria contábil poderá ajudar e muito”, diz.

Registro da movimentação financeira – Registrar e analisar toda movimentação diária é necessária para controlar cada conta. Em seguida, é preciso analisar a movimentação semanal, a mensal, trimestral, semestral e anual. Nessas análises, será possível verificar padrões repetidos, como movimentações maiores e menores em determinados dias, entender quais os custos fixos e, consequentemente, a evolução do negócio.  

Definição de uma rotina de negociação com fornecedores – Segundo Lopes Junior, essa é uma boa prática para manter dinheiro em caixa e não ficar descoberto. “Para garantir o sucesso desse processo, é importante contar com fornecedores com quem a sua empresa já tenha uma relação duradoura. Dessa forma, você conseguirá otimizar os prazos de pagamento sem se preocupar com falhas posteriores em relação aos seus serviços”, comenta.  

Atenção às oportunidades em diferentes cenários – Com análise dos dados financeiros do mercado e as tendências de mercado, é possível estabelecer planos diferentes para cada caminho possível. “Se você se preparar para diversos cenários, suas chances de acertar algum deles é muito maior. Sendo assim, mesmo que as coisas se encaminhem para a imprevisibilidade, sua empresa terá uma capacidade maior de adaptação”, explica o administrador.

Além dessas dicas, Ademir Lopes Junior comenta que as empresas precisam focar em controlar e reduzir gastos, quando necessário, acompanhar as metas estabelecidas e apostar em tecnologia. “Para conseguir realizar todas as análises descritas, você precisará de alguma ferramenta financeira. Se a sua empresa for micro, com pouca movimentação, uma planilha de Excel bem elaborada pode dar conta do recado. Porém, o ideal é ter um sistema de gestão”, conclui.