Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2025, o número de crianças obesas no mundo chegará a 75 milhões. No Brasil, de acordo com as notificações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), cerca de 14,01% das crianças entre cinco e dez anos estão com o peso elevado para a idade. O que contribui para o aumento dessas porcentagens é o consumo de produtos industrializados e a falta de uma alimentação balanceada e saudável. Os mais jovens geralmente têm dificuldade na ingestão de verduras e legumes e dão preferência para alimentos processados e mais açucarados. Uma dieta nutritiva é de extrema importância para o desenvolvimento infantil. A recomendação do Ministério da Saúde é a ingestão de alimentos in natura e orgânicos.
Como uma forma de estimular a alimentação saudável e mostrar o processo de produção de alimentos, o Colégio Sigma, de Brasília, realiza o Projeto Horta. O programa consiste na visita dos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental – Anos Finais às hortas da escola para acompanhar o crescimento das hortaliças e todas as etapas do plantio. Durante todo o processo, as crianças anotam em seus “Diários de Bordo” todos os dados sobre os vegetais que foram plantados, desde os valores nutricionais até o tamanho da muda e a germinação das sementes. “O estímulo precoce à alimentação orgânica faz toda a diferença. Quanto mais a criança participa da produção do alimento e conhece os ingredientes, maior é a tendência de ela ter prazer em comer bem.”, explica Liany Oliveira, professora de Ciências e responsável pela iniciativa na 912 Sul.
Além de buscar promover o bem-estar dos alunos, o Projeto Horta também os ajuda a aplicar o conteúdo ensinado em sala de aula. “Eles conseguem vivenciar e trabalhar o que eles aprendem com os livros, como: fotossíntese, cuidado com o solo, importância da água, cadeia alimentar, entre outros”, comenta Anne Karine Elleres, professora do programa na unidade de Águas Claras. A educadora também explica que o programa trabalha as diferentes realidades de cada unidade e dos alunos. “Nas Asas Sul e Norte, as hortas foram feitas em canteiros maiores, já que o espaço na escola permite a montagem no chão. O diferencial está em Águas Claras, onde o projeto é feito em uma horta suspensa”, conta.
A professora Carolina Ramiro, que cuida das hortas das unidades da 606 e 910 Norte, também acrescenta que a horta conecta os alunos com a natureza e mostra a importância do respeito ao ser vivo e o cuidado com o mesmo. “E, ainda, favorece com o aprendizado de um novo campo de trabalho e de pesquisa que é a agronomia e a ciência. Proporcionando um olhar para o meio ambiente e para o mundo, formando assim cidadãos preocupados em como sanar a fome do mundo pensando no seu próximo e ao mesmo tempo no meio ambiente”, afirma.
As professoras contam que o feedback dos alunos não poderia ser mais positivo. “O dia da horta é o dia favorito deles. Eles sempre ficam na expectativa de ter uma aula prática para poder visitar o espaço”, comenta Anne. “Eles gostam de ‘colocar a mão na massa’ e de participar de todas as etapas, desde a preparação do solo ao plantio e colheita”, completa Carolina.
“Mais do que entender os conceitos biológicos que envolvem a reprodução das plantas, as crianças têm a chance de conhecer de perto alimentos que eles só viam prontos no prato. Além disso, como toda a atividade é feita em conjunto, os próprios estudantes estimulam uns aos outros a provarem o que eles estão plantando”, ressalta Liany.
Colheita
Após meses cuidando das hortaliças, os alunos realizam a colheita do que foi plantado. Dessa forma, a iniciativa extravasa a sala de aula e chega até as famílias, quando os jovens levam para casa o alimento que eles próprios cultivaram. “O estudante, juntamente com os seus familiares, é estimulado a cozinhar ou preparar um prato com aquele alimento”, conta Carolina. “Além disso, na escola promovemos também um lanche comunitário, que reúne em cada unidade todas as turmas que participaram, para celebrar o momento da colheita e encerramento do projeto”, finaliza Anne.