O processo de automação é um caminho sem volta para a indústria, especialmente após a ascensão da chamada Indústria 4.0, que tem a tecnologia como um dos seus principais pilares. No início do mês, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) anunciou o aporte de R$ 400 milhões para projetos de inovação desenvolvidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em parceria com a empresa norte-americana Rockwell, uma das líderes em automação industrial.
Segundo o que a entidade divulgou, o montante será aplicado na criação de uma infraestrutura de pesquisas e de formação profissional voltada para ampliar a capacidade de inovação da indústria brasileira. Os investimentos da entidade que representa o setor, no Brasil, vai ao encontro da tendência mundial em investir em inovação – e especialmente em automação – para garantir a competitividade dos seus negócios, especialmente nos pós-pandemia.
Um levantamento da Consultoria Everis, do Grupo NTT Data, divulgado em 2021, revelou que os investimentos em automação cresceram 300% na América Latina durante a pandemia da Covid-19. Outro dado, da consultoria global Gartner, indica que 80% dos líderes empresariais que participaram da Pesquisa de Líderes de I&O 2021, consideram a automação como uma das principais táticas para alcançar a otimização de custos.
Além da otimização de custos, a automação, especialmente na indústria, também possibilita a redução de desperdícios e de acidentes nas áreas de produção. “Entende-se por desperdício, perdas de matéria-prima e tempo. Recursos estes que são vitais para os números de uma indústria. Máquinas automatizadas podem trabalhar muito mais horas por dia com índices baixíssimos de perda de material, o que torna mensurável o consumo destes bens de uma forma geral. O tempo por sua vez tem sido cada vez mais otimizado pelos avanços tecnológicos que produzem equipamentos cada vez mais eficazes, sem contar o consumo energético, em que tecnologias já conseguem reaproveitar parte da energia utilizada”, explica o tecnólogo especialista em automação industrial, Lucas Mendes Guerra.
Empresas que possuem produtividade sequenciada conseguem medir seus custos por produto, uma vez que tais informações estejam controladas por automação, explica ele. “Existem, inclusive, sistemas que conseguem detectar se a matéria prima está na qualidade adequada para que seja processada e, em caso de uma divergência no padrão, o sistema rejeita o uso de determinado material, evitando trabalho desnecessário. Nesta mesma linha, os produtos acabados também podem ser vistoriados e qualificados de acordo com padrões estabelecidos pela garantia da qualidade, evitando que um produto chegue ao destino com avarias e cause ainda mais custos”, completa o profissional, que tem 12 anos de experiência na área.
A automação pode minimizar a ocorrência de acidentes de trabalho, defende especialista da área
Outra importante vantagem da automação na indústria é a garantia de segurança do trabalhador no local de produção. De acordo com Lucas Guerra, em ambientes tomados por máquinas, como as semiautomatizadas e que dependem da operação humana, podem se tornar locais perigosos. Para evitar acidentes, a atenção às normas regulamentadoras e novas tecnologias em automação podem salvar vidas.
“Felizmente, o crescente número de tecnologias de segurança em automação tem acompanhado a demanda e novos equipamentos são lançados frequentemente para atender a grande diversidade de ambientes industriais. Áreas como a indústria automotiva ganham destaque com seus sensores de barreira, ou ainda sensores de área, em que dentro de um espaço mapeado pelo sensor, qualquer elemento que invada este monitoramento causa a parada segura do equipamento sem quaisquer danos ao ser humano”, exemplifica.
As inovações em máquinas e softwares também contribuem com a segurança das operações, especialmente nas áreas de produção. Segundo o especialista em automação, as mais modernas máquinas têm dispositivos contra eventuais fraudes, ou os chamados “jumpers”, que podem burlar a segurança.
“A integração dos dispositivos de segurança e os controladores de automação vêm sendo cada vez mais efetivos. Devido a aplicação das normas regulamentadoras, a demanda por esse tipo de trabalho está em alta no setor industrial. Além da construção mecânica destes dispositivos ser especial, a integração elétrica/eletrônica tem sido capaz de prever os mais diversos tipos de acidentes que possam ser ocasionados mesmo se um dispositivo apresentar algum tipo de falha. Isso pode ser monitorado e assim definir uma parada de máquina de forma segura”, completa Lucas Guerra.