O mês de fevereiro de 2022 encerrou com 6,1 milhões de empresas brasileiras inadimplentes, segundo o boletim de abril da Serasa Experian, divulgado no último 19 de maio. Segundo a empresa, esse número é o maior desde maio de 2020 e o atual cenário da economia do país aponta para uma continuidade dos níveis de inadimplência ao longo dos próximos meses.
A maior parte das empresas inadimplentes é formada por micros e pequenas empresas (MPEs), que somam 5,448 milhões de devedoras. Esse número é 0,2% maior que no mês de janeiro, quando 5, 436 milhões estavam em situação de inadimplência. Junto com a constatação do aumento de devedores, a Serasa Experian também identificou o aumento da solicitação de crédito por parte das MPEs. A busca por crédito avançou 19%,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
Uma das opções para empresas que não querem entrar para as estatísticas de inadimplência e precisam se preparar para um índice do Produto Interno Bruto (PIB) que, ainda segundo a Serasa Experian, não deve crescer mais que 0,3% neste ano, é realizar uma auditoria interna e ver onde seus processos e suas contas podem ser ajustados.
A contadora Jessica Gama Marques explica que a auditoria interna é capaz de exercer um papel essencial na melhoria do desempenho da empresa. “Toda e qualquer organização que estime pela sua saúde organizacional e financeira deve realizar este procedimento”, diz. Segundo ela, a auditoria interna não precisa ser realizada apenas por grandes e médias empresas, mas pode auxiliar no desempenho das micro e pequenas também.
“Para entender melhor os motivos de iniciar uma auditoria na empresa, é preciso pôr fim no preconceito de que é uma atividade apenas para grandes negócios. A auditoria auxilia como prevenção e diagnóstico da saúde de qualquer empreendimento. Com ela podemos determinar se as tarefas estão sendo realizadas de acordo com o programado, auxiliando na tomada de decisões”, ressalta.
Marques detalha que o processo de auditoria irá ajudar a empresa a atingir os seus objetivos, possibilitando uma abordagem disciplinada para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de gerenciamento de riscos, controle e governança. “Por meio dessa avaliação será possível identificar falhas no controle financeiro, irregularidades tributárias, inconformidades na documentação, dentre outros possíveis problemas. Com isso, podemos identificar as áreas de melhoria para alcançar níveis mais altos de sucesso no futuro da empresa”, explica a contadora, que tem 13 anos de experiência na área.
Benefícios – De acordo com Jessica Marques, uma das principais funções da auditoria interna é avaliar, criar, adaptar e ajustar os controles internos à realidade da empresa. “Seus principais objetivos são: avaliação dos procedimentos a fim de minimizar erros, combater fraudes e irregularidades; garantia do cumprimento das leis vigentes; precisão dos controles internos e dos dados financeiros, contábeis e operacionais da empresa; e apresentar caminhos para a devida correção de possíveis desvios”, comenta.
Além disso, segundo a profissional, a auditoria interna pode garantir vários benefícios para a empresa, entre eles, credibilidade externa, comprovação de que os números registrados na contabilidade condizem com a realidade, identificação de pontos fortes e caminhos para potencializá-los.
Riscos virtuais e fatores ESG também são focos de comitês de auditoria, segundo consultoria
Ao analisar as tendências de comitês de auditoria para o ano de 2022, a consultoria KPMG no Brasil, em parceria com a ACI Institute, mostra que a qualidade das demonstrações financeiras e no respectivo ambiente de controles internos, continua como foco dos comitês de auditorias. Ao todo, a consultoria listou oito temas prioritários para os comitês.
Para além desse tema, as empresas devem começar a incluir nos relatórios análises relacionadas às mudanças climáticas e as questões ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) e aprimoramento do foco em ética e compliance. Outra área que deve entrar no foco das equipes de auditoria é a de segurança cibernética, para verificar as vulnerabilidades da empresa frente aos ataques virtuais, especialmente de ransomwares.