O 13º é um benefício concedido aos trabalhadores contratados em regime CLT e que corresponde a uma parcela de salário a mais, sempre paga no final do ano. Para o comércio, invariavelmente, significa uma injeção de dinheiro que impulsiona as compras de fim de ano, principalmente as relativas ao Natal.
Segundo o Tribunal Superior do Trabalho (TST), a gratificação deve ser paga pelo empregador em duas parcelas: a primeira entre 1º de fevereiro e 30 de novembro (usualmente, é paga no dia 20 de novembro) e a segunda até 20 de dezembro. Esse dinheiro extra nem sempre é utilizado para compras e, muitas vezes, ajuda a saldar dívidas ou colocar o orçamento em dia.
Uma pesquisa da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Minas Gerais (FCDL-MG) mostrou que 43,5% dos consumidores mineiros pretendem guardar parte do 13º salário neste ano. O levantamento aponta também que 32,6% vão buscar reduzir dívidas e 23,9% devem partir para as compras.
A diretora superintendente da Unicred Central Multirregional (UCM), Carolina Ramos, dá algumas dicas sobre como usar o 13º, conforme a situação financeira de cada um. Se a pessoa tem dívidas com juros altos, como rotativo do cartão de crédito ou cheque especial, o melhor a fazer com o 13º salário é quitar o débito. Segundo a especialista, aproveitar o benefício para liquidar o valor total ou parcial evita que a dívida aumente exponencialmente.
Para quem tem dívidas com taxas menores, como financiamentos, é interessante avaliar se o débito custa mais que os juros líquidos da renda fixa. Se a resposta for positiva, é recomendável quitar ou amortizá-la. Se negativa, aproveitar os juros altos da renda fixa é mais apropriado e fazer uma aplicação. “Investir sempre é uma boa opção. Quando os juros caírem e forem inferiores ao custo da dívida, aí vale resgatar o investimento realizado para quitar o financiamento”, recomenda Carolina Ramos.
Quando a pessoa não tem dívidas, o 13º salário pode ser uma oportunidade para começar a investir. A recomendação é iniciar pela construção de uma reserva de emergência, focada em investimentos com liquidez diária. Aqueles que já têm uma reserva construída podem diversificar, conforme o perfil de risco.
Quem prefere usar o 13º salário para pagar despesas típicas de começo de ano, como IPTU, IPVA e matrícula escolar, não precisa deixar o dinheiro parado. Uma opção pode ser investir o valor em uma aplicação com liquidez diária e pagar as contas à vista, com desconto.
O dinheiro do 13º também costuma ser usado para fazer compras de fim de ano. Nesse caso, a sugestão é, se possível, não comprometer o valor total recebido, evitar compras por impulso e avaliar alternativas mais econômicas, mas que tragam satisfação equivalente.
A lógica para planejar festas e viagens de final de ano aproveitando recursos do 13º é a mesma. Sempre que possível, é recomendável avaliar qual é a melhor forma de aproveitar o valor disponível, evitar comprometer totalmente o orçamento extra e pesquisar alternativas. Quem for realizar uma viagem internacional, ficar de olho na taxa de câmbio é importante para um bom planejamento.
Se as opções para pessoas físicas são várias, para o pagador, ou seja, para as empresas, o período do 13º significa mais despesas. E pode acontecer de empresas de médio e pequeno portes não possuírem recursos em caixa para o pagamento do benefício aos seus funcionários. Uma indicação da especialista, nesse caso, é que a empresa faça uma antecipação de recebíveis para quitar a segunda parcela do 13º, por meio de linha de crédito específica para essa finalidade.