A destinação inadequada de resíduos para aterros controlados e lixões a céu aberto ainda recebe quase 40% do total de resíduos coletados, ou 30,3 milhões de toneladas por ano, volume que daria para encher 765 estádios do Maracanã.
O dado é do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2021, levantamento de referência publicado há 17 anos pela ABRELPE – Associação Brasileiras das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.
O documento mostra que dos 82,5 milhões ton/ano de resíduos sólidos urbanos gerados em 2020, 46 milhões de toneladas tiveram a destinação final ambientalmente adequada para aterros sanitários. “O Panorama aponta que há uma tendência de evolução para um problema ainda presente no País, que é a destinação inadequada de resíduos para aterros controlados e lixões a céu aberto, responsáveis afetar a saúde de 77,5 milhões de pessoas”, diz Carlos Silva Filho, diretor presidente da ABRELPE.
O porta-voz da entidade observa, no entanto, que o ritmo verificado ainda está muito lento e dessa forma provavelmente o país não vai conseguir cumprir o prazo de extinguir os lixões até 2024, conforme determina o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares). “Os índices verificados nas regiões Sudeste e Sul, ambas com mais de 70% dos resíduos sendo encaminhados para destinação adequada, demonstram que é possível avançar de maneira consistente para o encerramento das práticas de destinação inadequadas. Mas chama atenção que mais da metade das cidades brasileiras ainda dispõem os resíduos coletados em locais inadequados”.
O estudo inédito “Futuro do Setor de Gestão de Resíduos”, elaborado pela ISWA (International Solid Waste Association), e que faz uma análise sobre as tendências, oportunidades e desafios do setor, aponta que a gestão inadequada de resíduos representa uma ameaça direta ao meio ambiente, à biodiversidade e à saúde humana, tanto em nível local quanto global, afetando bilhões de pessoas.
“Em um futuro próximo, veremos um aumento drástico na geração de resíduos sólidos urbanos em todo o mundo, portanto, é urgente o estabelecimento de uma hierarquia da gestão dos materiais produzidos para viabilizar sistemas de destinação adequados, assim como um aumento das capacidades de coleta e tratamento combinadas com aplicações úteis para a recuperação de materiais”, avalia Silva Filho, um dos autores da publicação e presidente da ISWA.