O câncer de mama é o segundo tipo mais frequente do mundo, atrás somente do câncer de pele, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer). Entre a população feminina, a doença é a primeira causa de óbitos em quase todas as regiões do Brasil – a exceção é a região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa a posição. Ter conhecimento sobre a doença em sua fase inicial pode evitar o prognóstico desfavorável.
Apesar da importância do diagnóstico precoce, o estudo Breast imaging hindered during covid-19 pandemic, in Brazil, publicado na Revista de Saúde Pública, aponta que, entre mulheres com idade entre 50 a 69 anos, o número de mamografias realizadas em 2020 diminuiu 42% na rede pública, em comparação a 2019. Outro levantamento mais recente, do Iess (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), revela que a situação se repete no sistema privado. O número de mamografias realizadas por meio de planos de saúde caiu 10,6% entre os anos de 2016 e 2021.
“O câncer de mama pode ser diagnosticado em fases iniciais e isso acaba influenciando nos tratamentos que serão utilizados”, afirma o Dr. Marco Aurélio S. Neves. Segundo recomendações do Ministério da Saúde, toda mulher entre 50 e 69 anos deve realizar a mamografia de rastreamento a cada dois anos. O exame é capaz de identificar alterações suspeitas antes do surgimento dos sintomas.
Entre pessoas com risco elevado de desenvolver câncer de mama – com histórico familiar, por exemplo – a indicação é procurar um profissional de saúde para avaliação e definição da conduta a ser adotada. De acordo com o Inca, o câncer de mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença. A orientação neste caso é atentar-se a alterações no mamilo e caroço na mama.
Diagnóstico precoce pode evitar metástase
O Dr. Neves alerta para o desenvolvimento das células cancerígenas em outros órgãos e tecidos quando o câncer de mama não é detectado precocemente. “O câncer de mama metastático acontece quando o tumor se espalha para outros órgãos do corpo, como ossos, pulmão, fígado e cérebro”, afirma.
Segundo o artigo Bone Metastases: An Overview, publicado no Oncology Reviews, o osso é o terceiro local mais frequente de metástase, atrás apenas do pulmão e do fígado. A publicação, escrita por sete pesquisadores, também afirma que a maioria das metástases esqueléticas são devidas ao câncer de mama e próstata.
“A relação entre o câncer de mama e problemas ósseos existe e é relevante. O problema é que quando atinge os ossos é por metástase, o que indica que o câncer já está avançado”, ressalta o médico.
O Dr. Neves também pontua que a metástase pode ocorrer mesmo com o diagnóstico precoce. “Cerca de 30% dos casos de câncer de mama, mesmo detectados no início, se tornam metastáticos”, afirma o médico. “A doença pode voltar depois de meses ou anos do primeiro diagnóstico”, prossegue.
Outubro rosa e prevenção
Criado em 1991 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, o Outubro Rosa vai além de distribuir fitas rosas e iluminar prédios com luzes cor de rosa. Trata-se de um mês dedicado a promover a conscientização sobre o câncer de mama.
As campanhas têm como público-alvo sobretudo mulheres a partir dos 50 anos, idade em que aumenta o risco de desenvolver a doença. Por meio do Outubro Rosa, informações sobre serviços de diagnóstico e de tratamento são repassadas com o intuito de reduzir a mortalidade.
O Inca estima que durante o triênio 2020/2022 mais de 66 mil novos casos da doença sejam identificados no Brasil. Os órgãos de saúde são unânimes em afirmar que o câncer de mama é multifatorial e, portanto, não há meio definitivo para evitar a doença. Porém, não faltam recomendações relacionadas à adoção de um estilo de vida saudável como forma de amenizar fatores de risco.
“Praticar atividade física, alimentar-se de forma saudável, evitar o uso de hormônios sintéticos, como anticoncepcionais e terapias de reposição hormonal, manter o peso corporal e evitar o consumo de bebidas alcoólicas ajudam a reduzir o risco”, exemplifica o Dr. Neves. “Amamentar também é considerada uma forma de prevenção”, conclui.
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