O Conselho Federal de Medicina lançou uma plataforma – chamada de Demografia Médica – que reúne informações sobre os médicos em atividade no país. Segundo os dados, o Brasil possui 564.385 médicos, sendo um profissional para cada 2,65 mil habitantes. São Paulo é o estado com o maior número de profissionais (72.262), enquanto o Amapá é o estado com o menor número (883).
Em relação ao total de médicos registrados em cada estado, o estado com a maior quantidade de profissionais é o Espírito Santo, com 14,5 médicos para cada mil habitantes. O Amapá possui a menor densidade, com 1,7 profissionais para cada mil moradores do estado. Na lista entre os quatros estados com menor densidade de profissionais para atender a população, o Amazonas possui 2,3 médicos para cada mil habitantes.
Maior estado do país, com uma área de 1,571 milhão de quilômetros quadrados, o Amazonas possui, segundo os dados da plataforma, 5.518 médicos. Em relação ao número de habitantes (sem considerar registros, que podem ser mais de um por profissional), o estado concentra 1,29 médico para cada mil habitantes. Considerando os municípios menores, com população entre 20 e 50 mil pessoas, a densidade baixa para menos de um profissional para cada mil habitantes. São 32 municípios no estado que possuem essa faixa populacional, com um total de 1.017.641 pessoas. Para atender a esse montante, existem apenas 104 médicos.
Com mais de 20 anos de experiência de atuação na Amazônia peruana e no estado do Amazonas, o médico Edwin Alberto Bustamante Rios afirma que o trabalho do médico na região é composto por vários desafios, ligados às singularidades do estado. Natural do Peru e com diploma revalidado no Brasil, ele explica que atuou como generalista e ginecologista em diversos municípios amazonenses, entre eles Alvarães, Autazes, Coari, Codajás, Itacoatiara, Juruá, Maraã, São Sebastião do Uatumã, Tefé, além da capital, Manaus.
“Os desafios para atuar como médico no interior do Amazonas são similares em quase todos os municípios distantes e passa por aspectos social e cultural representado nas idiossincrasias de cada povo”, diz ele.
O profissional também informa que ao longo de sua atuação na região, enfrentou o problema da falta de políticas públicas que possibilitem aos profissionais médicos se fixarem em cada município ou que possam ter a garantia de um contrato de trabalho estabelecido. Além disso, outros problemas dificultam a atuação desses profissionais na região, o que pode explicar a baixa densidade de profissionais nos municípios do interior do estado.
“As distâncias entre as cidades, especialmente em relação à capital Manaus, que dificultam a transferências de pacientes, também são um desafio. Faltam unidades de resgate aéreo durante as 24 horas do dia, pois o serviço de resgate existente hoje em alguns municípios só funciona o período diurno”, relata.
Dificuldades existem, mas não impedem atendimento
Apesar dos desafios e dificuldades encontrados em municípios distantes de Manaus e, na maior parte das vezes, com recursos limitados para investimento em saúde, o médico Edwin Alberto Bustamante Rios afirma que é possível que médicos possam atender a população do interior do Amazonas. Hoje atuando em maternidades da capital, o profissional explica que opta por continuar prestando serviços em municípios com menos recursos em saúde que a maior cidade do estado.
“Mesmo na época em que fiz a residência médica na capital, arrumava tempo nos finais de semana pra fazer o serviço nesse pequenos e afastados municípios ávidos pela contratação de mão de obra especializada e conhecedora da realidade dessas localidades”, comenta, afirmando que o trabalho de médicos em regiões afastadas, especialmente de profissionais de áreas especializadas como a ginecologia, significa a diferença entre a vida e a morte dos pacientes dessas regiões.
Perfil – Maioria dos profissionais médicos é do sexo masculino
A plataforma do Conselho Federal de Medicina com informações sobre os médicos que atuam no Brasil mostra que a maior parte deles é do sexo masculino, mas a diferença para as profissionais do sexo feminino é pequena. Os homens representam 50,92% dos profissionais.
Os dados mostram que, em média, os profissionais possuem 19,15 anos de formado e a maior parte dos profissionais, tanto homens quanto mulheres, tem entre 29 e 44 anos. Outro dado trazido pela plataforma é que do total de médicos, 21.313 se formaram no exterior e, entre os que se formaram no Brasil, a maior parte – 273.948 – estudou em instituições privadas. Já as instituições públicas formaram 264.648 profissionais.