Avenidas largas, áreas comerciais modernas e arranha-céus a perder de vista. A ideia de avanço da sociedade quase sempre esteve atrelada a grandes estruturas cinzas, frias e pavimentadas. O reflexo disso são cidades onde as áreas verdes foram engolidas por amplos empreendimentos. Movimentos para a preservação do verde têm tentado reconectar o ser humano à natureza. Além de ajudar no respeito à fauna e à flora, há também motivos científicos por trás disso. Estudos divulgados por cientistas finlandeses e ingleses revelaram que pessoas que moram perto de áreas verdes têm saúde melhor das que vivem em lugares totalmente urbanos.
A pesquisa divulgada na revista Environmental Science & Technology e realizada na Universidade de Exeter Medical School, no Reino Unido, durou cinco anos. Os estudos dividiram mil participantes em dois grupos: os que se mudaram para áreas mais verdes e os que foram viver em locais praticamente urbanos. O resultado apontou melhora imediata na saúde mental das pessoas que viveram em contato com a natureza. Benefícios esses que chegaram a ser registrados até três anos depois da troca de endereço. O estudo também mostrou queda na saúde mental nas pessoas que passaram a morar em ambientes com menor contato com a natureza.
A reconexão com a natureza
O documentário Biofilia – capacidade natural do ser humano em se sentir bem em um determinado lugar – de Jean Bergerot, gravado em 2019, fala das grandes cidades e da necessidade do retorno, do ser humano, a essa conexão com a natureza. Ao longo do filme, o criador contou que essa retomada tem sido apontada como terapêutica, não só por neurocientistas, psiquiatras e psicólogos como até por arquitetos. Por isso a integração das cidades com as áreas verdes se faz necessária.
Os efeitos negativos da falta de tempo para o contato com a natureza, gerados pela vida corrida e a produtividade acelerada no mercado de trabalho, são muitos. Para se ter uma ideia, a Organização Mundial da Saúde apontou que a ansiedade, que se manifesta pelo pânico, pelo estresse e pela compulsão, afeta uma a cada 25 pessoas no mundo. No Brasil quase 10% da população sofre com esse distúrbio. Com isso, o contato com a natureza é citado, atualmente, como um dos fatores importantes para se manter alta a qualidade de vida.
Parque com toques de Inhotim ajudará na saúde de moradores de cidade no interior de Minas
Os moradores de Sarzedo, na região metropolitana de Belo Horizonte, vão poder experimentar os benefícios do contato com a natureza. É que a cidade, com pouco mais de 30 mil habitantes, vai ganhar um novo parque ambiental. Junto ao novo empreendimento, uma surpresa. O Parque Ambiental Cachoeira Sarzedo terá todo o paisagismo inspirado em Inhotim – maior museu a céu aberto do mundo – que é referência em arte contemporânea aliada à preservação ambiental.
Com uma área de 45.800 m², o parque teve suas obras iniciadas em julho de 2021. De lá para cá, as máquinas não param. Um diário de obras digital dá, constantemente, a dimensão do projeto e a celeridade com que ele tem evoluído. O parque contará com: estacionamento, arena, playground, ciclovia, trilhas, quiosques, mirante panorâmico, lanchonete e outros espaços de interação e integração ao meio ambiente.
A iniciativa de levar as belezas do museu Inhotim para o Parque Ambiental Cachoeira Sarzedo, surgiu da parceria entre o executivo municipal de Sarzedo e a mineradora Itaminas. A empresa é a principal mantenedora do Instituto Inhotim e há mais de 60 anos inclui projetos culturais, sociais, sustentáveis e ambientais na rota de transformação da comunidade onde atua.
O projeto paisagístico foi desenvolvido por Pedro Nehring, que também foi o responsável por estruturar o mesmo setor de Inhotim. “Foi um prazer participar desse projeto juntamente da Itaminas. Será uma obra bem feita e duradoura e um diferencial em Sarzedo, um atrativo jamais visto na cidade. As pessoas se sentem melhores e vibram com o paisagismo do Inhotim, então queremos mostrar isso no Parque Cachoeira”, afirma Nehring. Além disso, a intenção é aliar ao projeto ações de educação ambiental que serão aplicadas aos futuros visitantes do parque. O empreendimento, deve ficar pronto daqui a dois anos.
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