Agricultura regenerativa é opção para produção sustentável

A agricultura regenerativa é uma abordagem que busca restaurar a saúde dos ecossistemas agrícolas, promovendo a regeneração do solo, a biodiversidade e a resiliência dos sistemas produtivos. No Brasil, essa prática tem ganhado cada vez mais destaque, especialmente entre produtores que buscam uma agricultura mais sustentável e resiliente às mudanças climáticas.

De acordo com estudo “Cultivo Orgânico de Fruteiras Tropicais Manejo do Solo e da Cultura”, Ana Lúcia Borges, Aldo Vilar Trindade, Luciano da Silva Souza e Melchior Naelson Batista da Silva, pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), uma das principais características da agricultura regenerativa é o uso de técnicas que visam aprimorar a saúde do solo. Isto ocorre pelo fato de solo ser visto como um organismo vivo, sendo as práticas agrícolas desenvolvidas de modo a promover a sua regeneração. Entre as técnicas mais comuns estão a rotação de culturas, a utilização de cobertura vegetal, o uso de compostagem e a agrofloresta.

“A regeneração do solo é a mais importante medida em termos de enfrentamento da crise do clima, da alimentação e sobrevivência humana no planeta”, avalia Ulymar Ferreira da Rocha, fundador da Fazenda Raio de Luz. No Brasil, prossegue ele, a situação é “mais do que caótica”, com o crescimento da monocultura e a utilização indiscriminada de fertilizantes e agrotóxicos altamente poluentes. “A monocultura acaba levando o solo à desertificação”, conclui.

Técnicas de sistemas agroflorestais (SAFs)

As práticas agroecológicas e os Sistemas Agroflorestais (SAFs) são modelos para preservar o solo e recuperar as terras degradadas. Com a iniciativa, é possível observar uma capacidade maior de adaptação às mudanças climáticas, evitando a perda de plantações inteiras, diversificando sua produção e cuidando do solo.

“Os sistemas agroflorestais combinam o cultivo agrícola com o cultivo de árvores, arbustos e plantas diversificadas. Os micro-organismos benéficos que vivem na terra se alimentam diretamente de matéria orgânica vegetal, através das raízes dessas plantas. Quanto maior a cobertura vegetal de uma área, maior a diversidade de micro-organismos trabalhando e tornando o solo mais fértil e equilibrado”, conta Rocha.

Além dos benefícios biológicos, as agroflorestas com base agroecológica aproximam a comunidade da terra, fazendo com que famílias agricultoras conheçam o ciclo do solo que estão plantando e o mantenha saudável.

O SAF pode ser montado de diversas formas, como sistemas agrossilviculturais, que usa a combinação de árvores com o cultivo agrícolas anuais, o sistema agrossilvipastoris, que combina árvores com o cultivo agrícola e também com animais e o sistema silvipastoris, que  usa a combinação de árvores com pastagem de animais.

Agricultura biodinâmica, sintrópica e permacultura

Além dos tipos de SAFs, existem também os tipos de técnicas, sistemas, métodos e filosofias utilizadas na agricultura, desenvolvidas por especialistas. Uma delas é conhecida como Agricultura Biodinâmica, que leva em conta a integração de animais, plantas e ambiente para o cultivo de alimentos. Não há adição de componentes químicos, como agrotóxicos e fertilizantes. 

“Temos também a permacultura, que é mais uma filosofia de vida que afirma que as necessidades humanas estão ligadas a soluções sustentáveis, sempre levando em consideração o equilíbrio entre os ecossistemas naturais e o respeito ao próximo. Um sistema em que o habitante, a moradia e o meio ambiente estão integrados em um mesmo organismo vivo”, detalha Rocha. 

Já a agricultura sintrópica propõe reordenar e restaurar o ambiente natural, a floresta.  A proposta deste método é a de criar um sistema que junta, na mesma área, a produção de hortaliças, frutas e madeira, que também recupera áreas degradadas e protege o meio ambiente.

“A agroecologia como um todo é um caminho potencial para o cumprimento da sua função ecológica, tanto na produção sustentável de alimentos, quanto na formação de uma mentalidade crítica e de preservação do meio ambiente atuando através das comunidades e populações rurais”, pontua Rocha, ressaltando que este panorama mostra a importância dos processos agroecológicos como forma educativa de transformação do pensamento ambiental.

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