A Internet das Coisas (IoT), uma tecnologia que conecta dispositivos e objetos à internet, está assumindo um papel cada vez mais importante em diversos setores, incluindo a agricultura. De acordo com o IDC (International Data Corporation), é projetado que a IoT alcance a marca de 1,1 bilhão de remessas até 2027, evidenciando seu crescimento. No Brasil, o PNIoT (Plano Nacional de Internet das Coisas) foi estabelecido pelo Decreto nº 9.854, em 2019, com a missão de fomentar e desenvolver a IoT no país.
De acordo com um estudo do McKinsey Global Institute, estima-se que até 2025, o impacto da IoT na economia mundial poderá chegar a 11% do Produto Interno Bruto global, o que equivale a US$ 11,1 trilhões de dólares. E, nesse cenário, até 40% desse potencial poderá ser capturado por economias emergentes. Para o Brasil, as previsões apontam para um impacto econômico anual de até US$ 200 bilhões de dólares em 2025.
Com efeito do investimento nacional e decreto que objetivam a ampliação do uso de IoT, diversas áreas da indústria também passaram a levar a tecnologia como um projeto de inovação e melhoria nas cadeias de produção. Entre elas, a agricultura.
Otimização de operações e integrações
Pode-se destacar como vantagens do uso da IoT no setor agrário, por exemplo, a comunicação direta entre equipamentos via sensores e conexões sem fio, otimizando a produção e ampliando os lucros. Outras funcionalidades incluem também aplicações que vão desde o uso de telemetria até a automação de processos.
Os benefícios, por sua vez, incluem irrigação inteligente, controle de pragas e doenças, monitoramento via telemetria e soluções robóticas. Com isso, o aprimoramento da qualidade e da eficácia das atividades agrícolas por meio de rastreabilidade e monitoramento mais acessíveis e eficientes se torna possível.
Ao longo dos anos, a agricultura experimentou uma sucessão de avanços tecnológicos, resultando na otimização de suas operações. Aliado a isso, o aumento contínuo da procura por produtos agrícolas por parte dos consumidores tem impulsionado a disseminação das tecnologias inteligentes no setor agrícola globalmente. De acordo com os dados fornecidos pela FinleyUSA, estima-se que, apenas durante o ano de 2022, tenha ocorrido um investimento global próximo a US$ 1 trilhão em Internet das Coisas (IoT) ao redor do mundo.
Atualmente, através de uma parceria entre a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a Huawei e o CPQD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), estão sendo implementadas soluções tecnológicas integrando sensores de IoT, colares inteligentes e balanças de passagem para monitorar diversos indicadores ligados à produtividade, ambiente e bem-estar animal em sistemas de ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta).
Essa união visa desenvolver aplicações piloto com base em modelos de IA (Inteligência Artificial), usando os dados coletados para oferecer suporte à tomada de decisão dos produtores, ao mesmo tempo em que as empresas colaboradoras cuidam da infraestrutura de conectividade, sensores e plataformas computacionais.
O uso da Internet das Coisas na agricultura
Segundo o especialista em Redes Móveis e IoT, Marcus Policarpo, a crescente utilização da Internet das Coisas na agricultura é uma tendência promissora e com grande potencial para o setor agrícola.
“Essa tecnologia não se limita apenas aos agricultores, mas também se estende a outros setores da cadeia produtiva, como a pecuária. O suporte oferecido pela IoT traz benefícios significativos, permitindo reduzir custos de produção e aumentar a produtividade”, destaca, salientando que as redes sem fio com a de quinta geração (5G) também estão sendo aplicadas nas fazendas. “Essas redes privativas com a Internet das Coisas ajudam na monitoração de produção”, completa.
De acordo com Policarpo, os dispositivos IoT podem ser usados nas plantações para medir diversos parâmetros, como umidade do solo, temperatura, umidade relativa do ar e níveis de nutrientes. “Essas informações são transmitidas em tempo real para um sistema central, permitindo que os agricultores monitorem as condições das culturas e tomem decisões mais informadas sobre irrigação, fertilização e controle de pragas”, disse.
O especialista ressalta que a IoT permite a rastreabilidade completa dos alimentos, desde o campo até o consumidor final. Segundo Policarpo, os sensores podem acompanhar informações como origem, data de colheita, condições de transporte e armazenamento, garantindo a qualidade dos produtos e possibilitando a identificação rápida de problemas, como contaminações.
Além disso, Policarpo acredita que novos perfis de funcionários também estão surgindo no agro brasileiro. Para ele, esses colaboradores precisam estar aptos a trabalhar com essa nova tecnologia, isso também aconteceu com a modernização dos tratores. “A população mundial está crescendo, a tecnologia está desenvolvendo novas ferramentas para apoiar o agricultor a produzir mais e com qualidade superior”, considera.