O déficit de professores em todas as etapas da educação básica joga luz sobre a preocupação com o futuro das crianças e jovens no Brasil. Pesquisa do Semesp (Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação), do Ministério da Educação, revela que a falta desses profissionais de ensino deve chegar a 235 mil até 2040. Essa perspectiva levou a Comissão de Educação e Cultura do Senado a realizar recentemente uma audiência pública para debater maneiras de tornar os cursos de licenciatura mais atraentes.
Na semana em que o país celebra o Dia do Professor, no dia 15 de outubro, especialistas destacam a pouca valorização deste profissional. O estudo do Semesp também mostra que há o envelhecimento dos professores atuantes e problemas de evasão de jovens nos cursos para ingressar no magistério. Na tentativa de reverter esse cenário, a presidente do Conselho de Educação do Paraná, Fátima Paduan, sugeriu na audiência pública que todos os cursos superiores permitam o ingresso de alunos em bacharelado e em licenciatura, para que depois eles escolham o que for melhor para sua formação.
Para Claudia Levinsohn, mestre e especialista em Educação, os professores são fundamentais para preparar os cidadãos e por isso deveriam ser melhor remunerados e contar com melhores condições de trabalho. “Infelizmente o cenário é desolador, com professores mal remunerados, sem estrutura para trabalhar e muitos ainda têm que enfrentar questões de violência. Isso realmente desanima quem um dia pensou em seguir a carreira”, diz ela.
O problema do déficit de docentes não é uma exclusividade do Brasil. A Unesco divulgou que o mundo precisa de mais de 69 milhões de novos professores até 2030. Já a ONU concluiu que os governos de todos os países devem agir para enfrentar a crise educacional global, elevando o papel e o futuro da profissão de professor. Um conjunto de mais de 50 recomendações serão apresentadas ao secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, no dia 5 de outubro, Dia Mundial do Professor.
A Educação Internacional vem se mobilizando e já propõe ser a voz dos trabalhadores da educação em todo o mundo. São mais de 380 organizações, representando cerca de 32 milhões de professores e pessoal de apoio à educação em 178 países e territórios. “O acesso à educação de qualidade é um direito humano fundamental. É também fundamental para enfrentar os maiores desafios do nosso tempo, desde a erradicação da pobreza e a consecução da justiça social até à luta contra as alterações climáticas. Os professores são fundamentais para esta visão do futuro”, registra o site da instituição.